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“Sou de Alverca e lamento que a minha cidade continue a ser um dormitório”

Gertrudes Freitas, 42 anos, gerente da Dexcarte com sede no Forte da Casa

Gertrudes Freitas nasceu em Alverca e vive em S. João dos Montes. Juntou-se ao marido na empresa Dexcarte - Comércio de ferro, que também tem sede no concelho de Vila Franca de Xira, já lá vão mais de quinze anos. Em termos profissionais começou por trabalhar por conta de outrem mas agora está apaixonada pelo que faz. Procura não levar trabalho para casa. Tem duas filhas e um filho mas não gostava de os ver a fazer o mesmo que faz. E também não aconselha ninguém a abrir um negócio mas apenas por causa dos impostos e da pouca margem de lucro que se obtém em tempo de crise. Considera que a sua Alverca natal continua a ser um dormitório.

Uma das coisas que me dá prazer é observar um trabalho depois de ele estar feito. Acho bonito ver o ferro após ser trabalhado, seja gradeamentos, portões ou peças mais pequenas. Gosto muito desta área. É uma mistura entre indústria e arte. Na Dexcarte faço de tudo um pouco. Estou no escritório, atendo o público e trato também do armazém. Se pudesse escolher estaria mais tempo no atendimento ao público, por causa do contacto com as pessoas. Mas também gosto de estar no escritório. Sinto-me feliz e concretizada. Não aconselho ninguém a investir num negócio próprio. Pelo menos nesta altura. Pagam-se demasiados impostos e isso dificulta o crescimento. Ainda por cima, por causa da crise, toda a gente quer preços muito baixos. Apesar de termos mais trabalho do que tínhamos, acabamos por ganhar menos. Só estudei até ao 9º ano e entrei logo no mercado de trabalho. Comecei na Dan Cake e depois passei para uma fábrica de material eléctrico. Quando vim para aqui, havia poucas empresas a trabalhar em ferro forjado e resolvemos avançar. Foi em 2000. Queremos a satisfação do cliente “Porque a qualidade é a principal preocupação da empresa. Queremos a satisfação do cliente, gostamos de ajudar as pessoas nas dúvidas que têm, por exemplo quando chegam a nós sem saberem bem o que querem e nós ajudamos com desenhos até chegarmos ao que querem. Por norma gostam sempre.” Nunca levo trabalho para casa. Dedico cerca de oito horas diárias à empresa e depois desligo. Claro que há situações excepcionais mas de um modo geral é assim que se passam as coisas. E só assim é que consigo conjugar a vida profissional com a vida familiar, porque eu e o meu marido trabalhamos juntos. Não gostava que nenhum dos meus filhos seguisse este ramo. Tenho uma filha com vinte anos, outra com doze e um rapaz com onze anos. Isto dá muito trabalho, é cansativo e não se ganha muito. Não tenho nenhum passatempo especial e nunca pensei muito nisso. Gosto de sair ao fim de semana e de ver alguma televisão. Além disso trato da casa. Sou uma pessoa plenamente satisfeita com aquilo que tenho. Gostava de ter sido arquitecta. Gosto muito de transpor para o papel o que me vai na cabeça. Gosto da parte do desenho e consigo fazer ocasionalmente algumas peças mais personalizadas. Notamos uma grande preocupação das pessoas com a segurança. Encomendam-nos muitas grades para protecção de janelas e portas. A procura tem aumentado muito em zonas como Alhandra e Lisboa. As pessoas têm medo, querem um produto que seja o mais seguro possível, perguntam se não dá para cortar ou para arrancar. Alverca continua a ser uma cidade dormitório. Tem falta de oferta em termos de diversão. Não há sequer uma sala de cinema e são poucos os cafés e restaurantes abertos à noite, porque fecha tudo muito cedo. Gosto mais da zona de Alhandra e Vila Franca de Xira, principalmente junto ao rio. O espaço aí está melhor aproveitado. Alverca dá para descansar, para dormir e para pouco mais. José Luís Pimenta

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