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“Hoje em dia há quem pense que basta fazer um workshop e já sabe tudo”

“Hoje em dia há quem pense que basta fazer um workshop e já sabe tudo”

Marina Silva, 42 anos, osteopata e esteticista dos Osteopatas de Almeirim.

Vive em Almeirim há 11 anos, natural de Lisboa, diz que Almeirim é a sua “cidade rural”. Marina Silva é osteopata e esteticista e viu finalmente a sua profissão valorizada com o reconhecimento oficial por parte do Governo. Foi das primeiras mulheres a ter a carteira profissional. Aprendeu a gostar de touradas, é membro da assembleia municipal e eleita na lista do Partido Socialista.

Vivo em Almeirim há onze anos e considero-a a minha “cidade rural”. Na minha cidade natal, que é Lisboa, é tudo a correr e nem tempo temos para comunicar. Aqui as pessoas são simpáticas e gostam de conversar. Também temos mais qualidade de vida, gastamos menos dinheiro e menos tempo porque todos os serviços estão perto.
Gosto da sopa da pedra mas não posso abusar. As carnes de cá também são muito boas e é difícil resistir-lhes. Eu gosto um pouco de tudo embora tente evitar carne de porco. Gosto, por exemplo, de um prato que tenha caril e gengibre. E gosto também de comidas exóticas.
Antes de vir para Almeirim não era entusiasta de touradas mas aprendi a gostar. Das largadas e das picarias é que tenho medo. Agora vou a mais festas populares do que quando estava em Lisboa. Lá só há praticamente os Santos Populares.
Em mais nova vendi cremes e maquilhagem e estive ligada à área da beleza. Aos 18 anos comecei a trabalhar numa imobiliária em Lisboa onde fiquei um ano. Era comercial e fazia a publicidade das casas para os jornais. Um dia vi um anúncio que procurava uma assistente dentária. Como queria algo melhor respondi e fiquei lá durante dois anos. Nessa altura aproveitei o tempo livre para tirar um curso de estética e aos 22 anos aluguei um espaço para trabalhar por conta própria em Carnaxide.
Recebia clientes com problemas que não conseguia resolver com as massagens estéticas e interessei-me por osteopatia. Consegui dinheiro para tirar uma licenciatura em ciências da saúde na vertente osteopatia. Já lá vão cerca de 18 anos.
Noto que no Ribatejo as pessoas estão abertas e habituadas às medicinas alternativas. Se calhar por causa da tradição dos endireitas. Na osteopatia trabalhamos com a coluna, vértebras, articulações, joelhos, pés e mãos. Não há medicações, apenas indicamos a toma de magnésio ou glucosamina. Muitas pessoas pensam nesta profissão como um trabalho para homens, de força, e ficam admiradas por verem uma mulher osteopata mas o principal é o jeito e não a força.
Com o reconhecimento legal do governo e a atribuição de carteiras profissionais a osteopatia está no lugar que merece. Eu fui uma das primeiras mulheres a receber a carteira. A credenciação foi muito importante porque hoje em dia há muito aquilo do “tira-se um workshop e já sei fazer” e não é assim tão simples, tal como nesta profissão não é só colocar os ossos no sítio.
Sempre quis ter dois filhos rapazes e tive-os. Acho que os rapazes são mais sossegados. Mas se tivesse uma rapariga não me importava nada. Os meus tempos livres são sempre aos fins-de-semana e desde que sou mãe que os dedico quase por completo à família. Vamos a Lisboa, ao cinema, ao Oceanário, visitar a minha mãe, passear ou à praia. Quando posso vou ao ginásio, mas não gosto de correr nem de fazer ginástica. Prefiro levantar pesos e estar nas máquinas.
Gosto muito de ir ao Algarve e quando posso viajo. Já fui ao Sri Lanka e gostava de ir à Austrália mas com a idade cresce o receio de andar de avião. Ou se calhar é por causa dos filhos porque nunca se sabe o que pode acontecer. Costumo dizer que era bom poder estalar os dedos e estar no destino escolhido.
Nunca pertenci a nenhuma associação ou partido político. O meu marido inscreveu-se no Partido Socialista e desde então tenho-me interessado mais por política e tenho participado. Actualmente sou eleita da Assembleia municipal. É também é uma forma de conhecer a região. Falamos das coisas boas e más e vejo a evolução do concelho. Mas não penso em mais nenhum cargo político.

“Hoje em dia há quem pense que basta fazer um workshop e já sabe tudo”

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