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Hoje é sábado e faço 30 anos!

Hoje é sábado e faço 30 anos!

Orlando Ferreira nascido a 05/02/1953, Administrador - Rodoviária do Tejo

Hoje é sábado e um dia especial para mim. Faço 30 anos! Já estamos em 1983 e a verdade é que não dei pelos anos passarem, um sinal que vivi bem a minha juventude. Daqui a exactamente dois anos nascerá Cristiano Ronaldo e, daqui a nove, Neymar, mostrando que o dia 5 de Fevereiro é mesmo uma data para predestinados…do futebol. E falando de futebol, o Campeonato Nacional da 2ª Divisão está ao rubro com o meu Belenenses na luta pelo título. Há muito tempo que não se viam tantos sócios no Estádio do Restelo.
O assunto deste sábado será certamente o fim da Aliança Democrática (AD) e a marcação de eleições antecipadas para o próximo dia 25 de Abril. O Presidente da República, General Ramalho Eanes, assinou ontem o decreto de dissolução do Parlamento recusando assim uma nova proposta de Governo.
Dispondo já de dois canais de televisão - a RTP1 que começa às 18h30 e termina logo após as Últimas Notícias da meia noite e a RTP2 que começa por volta das 17h30 e termina também logo após o Jornal da Noite às 23h00 horas - podemos considerar que somos uns sortudos, tanta é a disponibilidade de informação!
Alguns telefonemas e dois telegramas de felicitações acabados de chegar, recordaram-me ser hoje o dia do meu aniversário e que tenho ainda que decidir o que vou fazer logo à noite. Um jantar em família e uma ida ao cinema, pareceu-me uma boa ideia para um fim de noite nesta ainda calma Lisboa onde vivo.
Com a adesão à CEE, que só ocorrerá daqui a três anos, em Portugal será criada a ilusão de se pertencer já ao grupo restrito do primeiro mundo. “Foi um pouco como num Casino: os portugueses passaram a entrar nas melhores mesas mas com dinheiro emprestado”, diria um dia Belmiro de Azevedo. Apesar de se saber onde residiam as nossas melhores oportunidades de investimento, o factor Europa cegou-nos ao ponto de transformar o nosso sector primário num parente pobre.
Venderíamos este abandono e o preço seria o chamado ‘dinheiro da CEE’ que nunca parou de entrar no país. Só entre 1989 e 2013 seriam disponibilizados a Portugal nove milhões de euros por dia que nos ajudariam a viver melhor do que antes mas que falhariam redondamente nos seus objectivos de desenvolver o país tornando-o mais coeso, menos assimétrico e menos injusto.
Houve de tudo na gestão desses fundos comunitários - desde desvios de dinheiro até projectos que nunca deveriam ter sido aprovados. A aplicação de um deles ficaria conhecida por se destinar a ensinar a fazer queijo da Serra no Algarve!
Até o Ribatejo venderia a sua alma ao diabo para captar os financiamentos comunitários do período 2007-2013. A região de Lisboa e Vale do Tejo seria alterada, perdendo o Oeste e o Médio Tejo para a região Centro e a Lezíria do Tejo para a região do Alentejo, restringindo-se assim, erradamente, a nova região de Lisboa às sub-regiões mais desenvolvidas da Grande Lisboa e da Península de Setúbal. Afinal, não só se perderia a coerência regional como também Lezíria e Médio Tejo seriam muito prejudicados na aprovação de projectos comunitários. José Eduardo Carvalho, então presidente da Nersant, viria a afirmar: “A experiência que estamos a ter com a nossa inserção nas regiões plano do Alentejo e Centro é péssima demais para nos restar alguma dúvida sobre a bondade da solução referida”.
Neste sábado em que faço 30 anos, algures num Ribatejo que ainda desconheço, um jovem Joaquim Emídio, com apenas 27 anos, imaginava já algo que iria abanar a tradicional imprensa regional. Vou ter ainda que esperar quatro anos e meio para ler a primeira edição de
O MIRANTE como mensário do concelho da Chamusca. Só mesmo alguém ‘sempre insatisfeito com o mais fácil’ poderia sonhar que, em 2017, O MIRANTE se teria tornado numa referência como pujante e temido projecto editorial local e regional. Nesse distante 2017 alguém de “cuja vida fazem parte as pessoas que cortam a direito e escondem um coração mole atrás de um pulso firme” seria já um(a) imprescindível pilar desse projecto editorial de sucesso!
Começarei a ler O MIRANTE em 2001 quando mudar (em boa hora o faria) a minha actividade profissional para o Ribatejo. O aprofundar do meu contacto com o jornal acontecerá a partir de 2006, com as cerimónias anuais de reconhecimento do mérito de pessoas simples que se destacaram pelo seu trabalho e dedicação à região. Para esta aproximação contribuirão também as ‘Conversas do Vale do Tejo’ organizadas pela Nersant em 2004 e editadas pelo O MIRANTE.
Neste ano em que faço 30 anos eu não tinha ainda conhecimento...
• da inauguração do Hospital Rainha Santa Isabel em Torres Novas ocorrida em 2001, uma instalação de luxo que custou sete milhões de contos;
• da vinda a Tomar, em 2003, do então primeiro-ministro Durão Barroso para inaugurar o novo hospital integrado no Centro Hospitalar do Médio Tejo;
• da inauguração do espaço museológico do novo Hospital de Vila Franca Xira ocorrido algures em 2014;
• do papel crescente na região do Instituto Politécnico de Tomar (IPT). A minha curiosidade relativamente ao IPT foi pela primeira vez despertada quando soube que o então presidente da Câmara Municipal de Tomar, António Paiva, tinha sido Vogal da sua Comissão Instaladora e que era docente do seu Departamento de Engenharia Civil.
• da conclusão da ‘Auto-Estrada da Beira Interior (A23)’ algures em 2003, tornando-se assim na mais rápida ligação à fronteira de Vilar Formoso a partir de Lisboa.
• da inauguração da Ponte da Lezíria no Verão de 2007 efectuada pelo então primeiro-ministro José Sócrates. Considerada a maior obra pública nacional da primeira década do século XXI com um custo anunciado de 220 milhões de euros.
Faço hoje 30 anos e tenho a certeza que daqui a 30 anos continuarei a manter uma visão optimista para Portugal e para esta região. Lisboa será nessa altura ‘um lugar só para alguns’ mas continuarei ainda a surpreender-me com as inúmeras riquezas e potencialidades da região ribatejana.
Apesar do continuado encerramento de serviços públicos, do crescente despovoamento e do envelhecimento demográfico continuarei a acreditar na valorização do interior do país e a considerar que ele não está necessariamente condenado. Os estudos e os diagnósticos estão feitos. Basta haver vontade política (não tem havido) para colocar este assunto na lista de prioridades da agenda decisional do Governo. Não serei o único a pensar assim, não serei certamente ‘a formiga no carreiro que vai em sentido contrário’ do José Afonso!

Hoje é sábado e faço 30 anos!

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