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“Um homem maquilhado não é maricas”
Lília Vieira é maquilhadora há seis anos

“Um homem maquilhado não é maricas”

Lília Vieira, maquilhadora e proprietária há um ano do Atelier Makeup’s Place, em Santarém, vive entre bases e ‘blushes’ há seis anos. Uma apaixonada pela sua profissão que concilia com a empresa do seu sogro, no Cartaxo, onde trabalha na área da gestão juntamente com o marido.

Nascida e criada na Ota, concelho de Alenquer, Lília Vieira, 31 anos, sempre mostrou um gosto especial pela maquilhagem, tanto que ainda hoje acredita que nasceu para embelezar o rosto dos outros. “Tinha cinco anos e já pintava a minha cara. Só que, como a minha mãe não me emprestava os seus produtos de cosmética, fazia-o com lápis de cor”, conta à medida que esboça um sorriso. Apoio foi o que nunca lhe faltou por parte dos pais mas esteve quase a ingressar pela área de desporto até conhecer aquele que é actualmente o seu marido.
“Já tinha inclusive feito os pré-requisitos de desporto, mas mudei de ideias e comecei a trabalhar no escritório da empresa do pai do meu marido”, conta dizendo que foi aí que começou a gostar de “mexer com papéis”. Decidiu então licenciar-se em Contabilidade e Fiscalidade na Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém e continuar na empresa do seu sogro, onde trabalha na área de gestão juntamente com o seu marido.
A maquilhagem entrou na vida de Lília Vieira logo depois. Primeiro foi consultora de beleza de uma empresa de cosmética até há dois anos quando começou a maquilhar noivas. “Nessa altura ainda não tinha o meu certificado profissional, mas como sentia que já dominava a pele decidi arriscar”, revela a residente em Casais da Lapa, concelho do Cartaxo. Entretanto, sentia que era necessário profissionalizar-se e decidiu há um ano inscrever-se num curso de maquilhagem profissional. Um investimento que fez juntamente com uma amiga e com quem viria tirar, mais recentemente, uma formação, desta vez com aquela que considera a melhor maquilhadora a nível nacional, Antónia Rosa (responsável pela maquilhagem na ModaLisboa).
A sua clientela é exclusivamente feminina. Para Lília Vieira, o sexo masculino continua a fugir a sete pés desse tipo de serviço. “Um homem maquilhado não é sinónimo de maricas”, defende a maquilhadora acreditando que daqui a uns anos o mundo masculino vai também render-se a este serviço. “Os homens já cuidam das sobrancelhas e fazem a barba. É preciso é ter calma. Afinal, a maquilhagem não é um bicho de sete cabeças”, acredita.
A lista de histórias que marcaram a jovem é grande e já perdeu a conta às pessoas a quem já colocou rímel ou batom. Uma delas passou-se a 30 de Junho deste ano. “Foi a primeira vez que maquilhei uma criança de oito anos. A menina ia a um casamento e fui a casa dela na zona do Cartaxo maquilhá-la. No final ela ficou tão maravilhada que até o próprio pai me mandou uma mensagem a agradecer”, conta.
Outra história engraçada que se passou foi com uma noiva que pediu um orçamento para que fosse maquilhada juntamente com a sua mãe e a madrinha. “Como era o dia do meu casamento tive de dizer que não podia. Mas fiquei com tanta pena... Se pudesse aceitava toda a gente”, defende.

Sempre atenta às novas tendências
Lília Vieira admite que uma das maiores dificuldades da sua profissão, além do receio de que a cliente não goste, é também o facto de a maquilhagem ser como a moda, estando sempre a mudar. É por isso, diz, que faz questão de estar sempre actualizada. “Todos os anos há sempre tendências diferentes e temos de estar atentos”, confessa. Além disso, é preciso haver algum cuidado na hora de colocar a maquilhagem. “Não é só colocar os produtos. Tem de haver primeiro uma análise de pele e de olho, pois nem tudo fica bem a todas as pessoas”, explica, referindo que esta é sobretudo uma área onde se tem de investir muito tempo e dinheiro, sobretudo com cosmética.
Para a maquilhadora, o mundo da maquilhagem é difícil mas muito gratificante, sobretudo quando se vê o sorriso das noivas num dia tão especial. “Ainda hoje sinto um nervoso miudinho antes de as maquilhar apesar de antes fazer sempre a prova”, afirma. É que hoje, diz, as pessoas são muito mais exigentes. Afinal, basta irem à internet e há vídeos tutoriais para todos os gostos, além de já ser possível encontrar-se produtos de cosmética em todo o lado.

“Um homem maquilhado não é maricas”

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