uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Igreja “rouba” capela à comunidade de S. Romão

Igreja “rouba” capela à comunidade de S. Romão

Discussão acesa entre padre e fiéis quase acaba em agressões. População de São Romão acusa o pároco de querer exercer total domínio sobre uma antiga capela existente na localidade, até aqui cuidada pela comunidade. Zeladora do templo teve agora de devolver as chaves por imposição da Igreja.

Alguns populares da localidade de São Romão, na União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz, concelho de Vila Franca de Xira, reuniram-se com o pároco Alfredo Juvandes, na tarde de domingo, 16 de Setembro, junto à Ermida de São Romão, para devolver ao padre as chaves daquela capela, Alfredo Juvandes. A entrega das chaves foi solicitada pelo sacerdote, com o apoio do Patriarcado de Lisboa, alegando que o pároco é o responsável por aquele espaço.
Os populares não viram com bons olhos a decisão da igreja e os ânimos exaltaram-se levando a discussão acesa, que por pouco não terminou em violência física entre um popular e um elemento do conselho económico da paróquia, que acompanhava Alfredo Juvandes.
A capela, com cerca de 500 anos, era cuidada pela população residente na localidade, que foi realizando obras de restauro, com dinheiro angariado de donativos no decorrer da celebração da eucaristia, peditórios e por materiais cedidos pela União de Freguesias.
Leonor Cabaço, de 73 anos, conhecida como a guardiã da capela, era quem zelava pelo espaço e detinha a posse das chaves, há mais de 40 anos. A devota era quem limpava a ermida e abria a porta aos fiéis que “vinham de longe” para conhecer aquele espaço. Indignada com a situação, diz a
O MIRANTE que a partir do momento em que entregou as chaves deixa de se sentir responsável pela capela.
Em 2016, a ermida foi assaltada tendo sido roubados azulejos seiscentistas de elevado valor. Janelas e portas foram vandalizadas, assim como outros objectos do interior da capela. Segundo Leonor Cabaço, os arranjos no edifício, como a instalação de grades nas janelas e portas novas foram pagos pelos fiéis. “Deu-se o assalto e o padre só apareceu cá três dias depois”, critica Ana Neto. Os azulejos não foram até à data recuperados e o caso foi arquivado pela Polícia Judiciária.
Sandra Cabaço, filha de Leonor Cabaço, afirma que no dia 2 de Setembro o padre lhes fez um “ultimato” a dizer que queria as chaves, recusando o diálogo com a comunidade. Refere ainda que Alfredo Juvandes, padre há oito anos na paróquia de São João dos Montes, “pouco ou nada fez” por aquele património. “Se há direitos tem que haver deveres”, afirma.

Um padre exaltado de dedo em riste

No dia do encontro entre o pároco e os populares O MIRANTE tentou chegar à fala com Alfredo Juvandes, que se recusou a falar sobre o caso. De ânimo exaltado disse à repórter de O MIRANTE, que “não ia haver notícia”. O padre falou de dedo em riste, gritando repetidamente, como se estivesse em guerra, “proíbo-a”, tudo isto enquanto a jornalista fotografava a fachada exterior da capela.

Igreja “rouba” capela à comunidade de S. Romão

Mais Notícias

    A carregar...