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“Sempre fui alérgico a receber ordens e a cumprir regras impostas por outros”
Ivo Delgado, sócio-gerente da Delgometal, quer reformar-se aos 65 anos

“Sempre fui alérgico a receber ordens e a cumprir regras impostas por outros”

Ivo Delgado, de 46 anos, é sócio-gerente na Delgometal em Vialonga

O empresário Ivo Delgado concretizou o sonho de ser patrão de si próprio, embora num ramo diferente daquele que tinha sonhado. Chorou quando foi para a área do ferro em vez de ir para a hotelaria mas agora diz que foi a melhor coisa que fez. Elogia o pai e o irmão dizendo que foi com eles que aprendeu a maior parte do que sabe. Na sua empresa, a Delgometal, na Boca da Lapa, em Vialonga, trabalha como qualquer outro trabalhador. Quer reformar-se ao 65 anos e nunca prensou emigrar porque o pai foi emigrante e ele sentiu a sua falta em criança.

Sempre tive fobia a ordens e a regras impostas por outros. Na escola nunca deixei que os professores mandassem em mim. Andava lá por obrigação, pois sentia que não me enquadrava naquele meio, onde não podia ser expansivo. Acho que não era mau feitio. Era só não gostar de ser mandado.
A hotelaria era o meu sonho e trocá-la pela indústria do ferro foi um choque. Decidi abraçar o projecto familiar porque vi nele uma oportunidade de ir mais longe profissionalmente mas chorei muito nos primeiros tempos. Hoje sei que tomei a decisão mais acertada e que sou bom naquilo que faço.
Foi o meu pai que forçou a abertura da empresa de metalomecânica. Quando comecei não percebia nada daquela área. Tudo o que sei aprendi foi com ele e com o meu irmão. Pelo menos posso dizer que o sonho de não ter um patrão se concretizou.
Hoje os miúdos não convivem quase nada. Fecham-se em casa agarrados aos computadores e telemóveis. No meu tempo éramos mais unidos. Crescíamos juntos. A minha infância foi passada a brincar nas ruas de Vialonga. A jogar à bola, ao pião e ao berlinde com os meus amigos.
A minha filha mais nova é tipo Messi e a mais velha é tipo Ronaldo. A mais nova não precisa de se esforçar porque tudo lhe sai bem, seja na escola ou no desporto. A mais velha aplica-se e trabalha muito para conseguir tudo o que quer. Por falar em futebol, sou adepto ferrenho do Sporting. Sou sócio do clube há 25 anos e vou ao futebol com as minhas filhas. Uma já é sócia, só falta convencer a outra.
Não sou adepto de hierarquias vincadas no trabalho. Elas têm de existir, mas devemos dar liberdade aos funcionários para que possam progredir. Tal como os meus funcionários visto o faco macaco todos os dias e trabalho no duro. Não gosto de falhar e também não gosto que me falhem.
Era incapaz de emigrar. Defendo o meu país acima de tudo. Sou assim talvez porque o meu pai foi emigrante durante muitos anos. A sua ausência marcou muito a minha infância.
Não sou homem de políticas, aliás detesto política. Há falta de confiança na política e entre os políticos. Como a confiança é muito importante para mim, nunca poderia ser um homem de política.
Quero reformar-me antes dos 65 anos. Quero ganhar tempo com a minha família e recuperar o que perdi nos anos em que trabalhei. Só assim poderei desfrutar da vida em pleno e gozar, em conjunto com a família, aquilo que construí.
As pessoas é que fazem a terra onde vivemos. É em Vialonga que vivo e nem saberia viver fora daqui. Já estou tão talhado a esta terra, que não faria sentido deixá-la. Devo estar onde está a minha família e os meus amigos.
Sou um bom garfo e comer é um dos prazeres que tenho na vida. É tão importante que não consigo falar de negócios à mesa. Isso não funciona para mim. Não me deixa apreciar a refeição.
Sou um homem que participa nas tarefas domésticas. Faço o jantar, lavo a loiça, limpo a cozinha, estendo roupa. A minha especialidade na culinária é o strogonoff de frango, mas cozinho geralmente sem molhos rebuscados. Prefiro a comida saudável.

“Sempre fui alérgico a receber ordens e a cumprir regras impostas por outros”

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