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Idosa morre após esperar uma hora por socorro

Cremilde Botas, residente em Escaroupim, Salvaterra de Magos, faleceu nos braços da filha enquanto aguardava assistência. Nas corporações de bombeiros mais próximas não havia ambulâncias de emergência médica disponíveis quando foram solicitadas. Só à sexta tentativa é que houve uma resposta afirmativa.

Cremilde Botas, 83 anos, residente no Escaroupim, concelho de Salvaterra de Magos, morreu após ter estado uma hora à espera que chegasse o socorro. A idosa, que sofria de Alzheimer e se encontrava naquele momento na sua habitação, acompanhada pela filha, foi vítima de uma série de coincidências infelizes que terminou num desfecho fatal.
O caso ocorreu na segunda-feira, 28 de Janeiro. Após o alerta, pelas 10h48, o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) contactou várias corporações, mas só conseguiu enviar, à sexta tentativa, uma ambulância para a ocorrência, neste caso foi a pertencente à Cruz Vermelha Portuguesa do Carregado, que fica a mais de 30 quilómetros do local.
Segundo o INEM, os Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, a cinco minutos da ocorrência, foram os primeiros a ser contactados, mas, na altura, as duas ambulâncias estavam a ser usadas em serviços de emergência médica, uma em Foros de Salvaterra e outra em Marinhais. Seguiram-se os Bombeiros Voluntários de Benavente, os Bombeiros Municipais do Cartaxo, a Cruz Vermelha de Aveiras de Cima e os Bombeiros Voluntários de Azambuja.
A resposta foi sempre a mesma: não tinham ambulâncias disponíveis para se deslocarem ao local da ocorrência. Só ao sexto contacto, e depois de oito minutos do alerta, com a Cruz Vermelha do Carregado, é que o CODU recebeu uma resposta positiva.
A ambulância foi logo enviada para o local. Após avaliação e primeiros cuidados de saúde à vítima, solicitaram ao CODU para accionar, pelas 11h38, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Hospital de Santarém. Cremilde Botas já se encontrava em paragem cardiorrespiratória.

INEM: “meios de socorro são finitos”
O INEM referiu a O MIRANTE que o funcionamento do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) conta com a colaboração de diversas entidades, entre elas os corpos de bombeiros e a Cruz Vermelha Portuguesa. Esta colaboração permite capacitar o SIEM de diversos meios de socorro nas mais distintas zonas do país, aumentando a capacidade de resposta às muitas solicitações de socorro que o INEM recebe diariamente.
“Na verdade, e por mais meios de socorro que existam no nosso país, os mesmos são finitos e naquele preciso momento verificou-se uma incapacidade das várias entidades intervenientes no SIEM de dar resposta à situação, por ocupação dos meios em outras situações de emergência médica pré-hospitalar. Naturalmente que se lamenta esta situação a qual ocorre, felizmente, com pouca frequência”, referiu o INEM.

CDS questiona Governo

As deputadas do CDS-PP Patrícia Fonseca (eleita por Santarém) e Isabel Galriça Neto questionaram o Governo sobre o facto do Instituto de Emergência Médica (INEM) só ter conseguido enviar ambulância para prestar socorro à idosa residente no Escaroupim, à sexta tentativa.
Na pergunta enviada esta semana à ministra da Saúde, as deputadas pedem que a governante confirme os factos da linha do tempo disponibilizada pelo INEM e questionam que medidas serão tomadas para que situações como esta não voltem a ocorrer, nem em Salvaterra de Magos nem em qualquer outro local do território nacional.

Bombeiros de Salvaterra repudiam críticas

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos (AHBVSM), já veio manifestar-se na sua página do Facebook, repudiando toda e qualquer “tentativa miserável” de aproveitamento de situações operacionais para atingir a corporação, os operacionais e os dirigentes associativos.
A corporação recorda que o INEM tem protocolado com a associação a permanência de duas equipas de emergência pré-hospitalar, que 24h00 por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano, cumprem as suas missões e que garantem capacidade operacional a duas emergências em simultâneo.
O que acontece, explica, é que por vezes existem três e quatro ocorrências de emergência, obrigando a recorrer a corporações de bombeiros dos concelhos vizinhos. Garantem ainda que “todas as insinuações, acusações, ofensas e vis tentativas de denegrir a AHBVSM e a corporação serão tratadas no local certo para o fazer e não nas redes sociais”.

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