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Começou a trabalhar aos nove anos e aos vinte e seis já era empresário
José Rocha junto ao novo quartel dos Bombeiros de Vialonga

Começou a trabalhar aos nove anos e aos vinte e seis já era empresário

José Rocha, 68 anos, já está reformado e preside à direcção dos Bombeiros Voluntários de Vialonga. A vida laboral começou num talho e esse início teve influência na sua carreira profissional. O sonho de ser electricista apagou-se e dedicou-se ao corte e venda de carnes. Quando abriu dois talhos na Póvoa de Santa Iria as férias acabaram-se.

A construção de um quartel que assegure a operacionalidade da corporação dos Bombeiros de Vialonga foi uma longa batalha que chegou ao fim, depois de atravessar vários Governos que deixaram cair a promessa. Quem o diz é José Rocha, presidente da direcção desta associação humanitária há cinco anos, que agora vê “o sonho concretizado”. Natural de Moscavide mudou-se para Vialonga há mais de 40 anos por motivos profissionais e agora, já reformado, dedica-se em exclusivo ao cargo que assumiu, como forma de “agradecimento e retribuição aos vialonguenses pelo acolhimento e simpatia” que deles recebe.
Começou a trabalhar aos nove anos num talho. Com os dias preenchidos pelo trabalho faltou tempo para brincar e ser a criança que “sonhava ser electricista”. Foi à tropa e aos fins-de-semana era talhante num talho em Vialonga, profissão que acabou por exercer até à reforma. Ainda jovem e “cheio de ambições” abriu dois talhos na Póvoa de Santa Iria para ser patrão de si próprio, mas “não ia de férias e trabalhava bem mais do que oito horas por dia”.
Enquanto proprietário dos talhos diz que nunca se deitou com a preocupação de não ter dinheiro para pagar os ordenados aos funcionários, uma inquietação que agora conhece como presidente dos Bombeiros de Vialonga. “É uma luta constante que me tira o sono, por não saber se no final de cada mês há dinheiro suficiente para pagar o ordenado aos 19 funcionários”, refere.
“Pagam para prestar o serviço”
José Rocha defende que o Estado precisa de fazer mais por estas associações humanitárias que voluntariamente assumem a protecção e socorro da população. “Muitas vezes são as associações que pagam para prestar o serviço, pois os subsídios de transporte definidos pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) não chegam para suportar o desgaste do veículo e custo das viagens e tripulantes”, lamenta, sublinhado que recebem “uma mão cheia de nada”.
Fala ainda nos subsídios mensais pouco atractivos que rondam os 15 mil euros, ficando aquém dos 38 mil que a associação tem de suportar. A inexistência de um apoio para os fardamentos que vestem os mais de oitenta bombeiros da corporação e representam um custo de 10 mil euros são também motivo de crítica. “Continuamos a ter de arranjar artes e manhas, desde peditórios a eventos solidários para conseguir manter as contas equilibradas”, diz.
Quanto ao novo quartel, José Rocha diz que muito têm de agradecer ao município de Vila Franca de Xira, que ali investiu cerca de 380 mil euros, “mais do que o próprio Estado”.

“Custa ter de dizer não ao comando”
A O MIRANTE garante que o enche de orgulho ser um dirigente voluntário que vai à luta para conseguir melhores condições para a operacionalidade da corporação. O que mais lhe custa “é ter de dizer não ao comando, quando precisa de material necessário ao socorro e não há verba disponível. É um sentimento de impotência com o qual temos de lidar constantemente e que não deveria existir em associações que têm uma missão desta natureza”, frisa.
Vialonga tem cerca de 20 mil habitantes, dos quais 2.800 são sócios e 80 por cento paga as quotas à associação, que “é sempre uma ajuda bem-vinda”, diz o presidente, lamentando que muitos só se façam sócios depois de precisarem dos serviços dos bombeiros. Na direcção, “o membro mais novo tem 40 anos” e em ano de eleições para os órgãos sociais é “raro haver mais do que uma lista inscrita”. Situação que preocupa o responsável que tem mais dois anos pela frente no actual mandato, admitindo que gostava de se retirar e dar lugar a outros.

Começou a trabalhar aos nove anos e aos vinte e seis já era empresário

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