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Uma médica com paixão pelas artes

Sara Ferreira trabalha na Unidade de Saúde Familiar Cardillium, em Torres Novas. Desde criança que queria ser médica. Além disso, também gosta de cantar, dançar e já fez teatro. O facto de ser filha do presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, não condiciona a sua vida e diz que é a sua maior crítica. Tem orgulho no que o seu pai conquistou mas também é um orgulho vê-lo no papel de avô.

A primeira vez que Sara Ferreira disse que queria ser médica fê-lo em directo aos microfones de uma rádio local. Todas as crianças que participavam no Festival dos Pequenos Cantores do CRIT (Centro de Reabilitação e Integração Torrejano) eram convidadas a ir à rádio de Torres Novas. Quando a locutora perguntou a Sara o que queria ser quando fosse grande a resposta surgiu de imediato: pediatra. “Disse pediatra porque era o único médico que conhecia na altura. Nunca me tinham feito essa pergunta e acho que nunca tinha pensado muito no assunto”, recorda.
A medicina sempre foi a sua missão mas a médica de medicina geral não esconde a sua paixão pelas artes. Aos quatro anos já fazia ballet e chegou a fazer teatro. Participou em todos os Festivais dos Pequenos Cantores do CRIT, como intérprete, até aos 12 anos, que era a idade limite. Continuou no coro do Festival do CRIT até ir para a universidade. Licenciou-se em Coimbra mas sempre teve o desejo de regressar a Torres Novas. Terminou o curso em 2009. Escolheu medicina geral e familiar porque sempre quis acompanhar o utente no seu ciclo de vida, desde a gravidez até ao final de vida.
O facto de ser filha do presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, nunca condicionou o seu trabalho. “Sou filha do Pedro e da Zélia, que fizeram muitas coisas pela comunidade. A minha mãe foi uma das fundadoras do CRIT. Não me faz diferença ser filha do presidente. O que faz a diferença é ser filha do Pedro”, diz com convicção. Tem utentes que sabem deste laço familiar mas muitos não sabem. “Quem sabe, normalmente pergunta como está o meu pai e não o presidente da câmara”, confessa, com um sorriso rasgado. Sara nasceu no dia de Ano Novo, há 35 anos, na véspera do aniversário do seu pai. “Quis ter um dia só para mim”, brinca.
Sempre acompanhou o pai na sua actividade política e sente orgulho sempre que o pai atinge os seus objectivos. “Fiquei muito feliz quando ele se tornou presidente de câmara, uma vez que era algo que ele queria muito. Mas também senti muito orgulho quando o meu pai decidiu tirar uma licenciatura já depois de estar a trabalhar há muito tempo. E é um orgulho vê-lo ser avô”, afirma. Garante que é a maior critica do pai e que não é fácil tê-la como filha, porque diz tudo o que pensa. “Foi assim que o meu pai me ensinou a ser e ele sabe que quando está bem digo mas quando acho que não está também sou a primeira a dizer”, admite.
Sara Ferreira trabalha na Unidade de Saúde Familiar (USF) Cardilium, em Torres Novas, tendo sido uma das fundadoras deste projecto, inaugurado em Maio de 2018. “Queríamos fazer mais, melhor, mas sobretudo diferente, onde os utentes não fossem apenas números e os profissionais não fossem encarados como máquinas profissionais. Nem sempre é fácil mas tentamos dar o nosso melhor. Tínhamos a expectativa de ter um edifício novo porque aqui estamos muito apertadinhos mas ainda não foi possível”, diz. Já fizeram o pedido à câmara mas a médica não quer privilégios. Existe um projecto para a USF ir ocupar o mercado municipal ou outro edifício que possa ser alternativa.

Política não a atrai
O facto de viver num meio pequeno faz com que ir a um supermercado, por exemplo, seja o suficiente para dar ali uma consulta médica. Mas também há utentes que se aproximam só para saber como está o seu bebé, de nove meses. “Agora nesta altura oferecem-me muitas roupinhas para o Tiago e quando chega mais perto do Natal alguns utentes oferecem couves e bacalhau. É a proximidade que não existe nos grandes centros urbanos”, explica.
Apesar de sempre se falar de política em casa Sara nunca teve esse bichinho, nem nunca pensou seguir o pai nessa área. “Sou mais útil no centro de saúde e à medicina”, refere. Sara diz que faz falta em Torres Novas avançar com o projecto para reabilitar a mata municipal, para as pessoas poderem conviver ao ar livre, assim como faz falta investir no ensino superior para os jovens de Torres Novas.

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