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Quando um particular tenta vender a própria casa fica exposto a alguns riscos
Para Isabel Leão os escalabitanos deviam olhar mais para o muito que têm na cidade

Quando um particular tenta vender a própria casa fica exposto a alguns riscos

Isabel Leão, 43 anos, é proprietária da imobiliária ERA, em Santarém. Isabel Leão vive em Santarém há perto de duas décadas e não pensa sair da cidade ribatejana, que só não lhe enche as medidas por completo porque não tem mar. Diz que aqui os preços de venda dos imóveis não estão inflacionados como noutras capitais de distrito e defende a importância do aconselhamento de um profissional na hora de vender ou comprar casa. Apaixonada por gatos também não resiste a cães e já resgatou três do canil.

Nasci nas Caldas da Rainha, passei por outras localidades mas estou em Santarém há 17 anos e já não saio daqui. É uma cidade boa para viver. É pena que não tenha mar, mas tem boas acessibilidades e num instantinho chegamos à praia. Podíamos aproveitar melhor a margem ribeirinha. Se estivesse bem arranjada, com espaços verdes, cafés e esplanadas seria um sítio aprazível.
O que os clientes privilegiam quando procuram casa é a localização e acessibilidades. Santarém está próxima de Lisboa e há muitas pessoas a fugir da capital porque os preços são incomportáveis. Aqui têm a possibilidade de se deslocar de comboio para o trabalho. Sinto que há pessoas que em determinada altura foram estudar para Lisboa e por lá ficaram a trabalhar, mas muitas estão a regressar às origens.
O que mais me chocou quando vim para Santarém foi ouvir as pessoas a falar mal da sua terra. Felizmente parece estar a desaparecer o estigma dos escalabitanos que dizem que Santarém não presta. Temos aqui tanta coisa boa. É bom que as pessoas comecem a olhar mais para o que têm e não para o que falta, que é pouco.
A ERA usa como slogan que é uma máquina a vender casas. Por vezes também gostava de ser uma máquina, mas sou mais humana. Ambas as valências são uma mais-valia. Não ser tão racional e ir ao encontro daquilo que as pessoas procuram e das necessidades que têm é bom. Se conseguíssemos juntar uma máquina a um bom coração seria o casamento perfeito. A decisão de comprar uma casa é muito racional, agora a escolha de uma casa é mais emocional.
Os mais pessimistas que falam num regresso a uma bolha do imobiliário baseiam-se nas médias nacionais. No mercado de Santarém os preços não estão inflacionados como noutras capitais de distrito, como Lisboa, Porto ou Coimbra. Aí sim, acredito que haja uma bolha. Os preços começaram a ser praticados mais para estrangeiros do que para os nacionais. Em Santarém não se sente isso.
No mercado imobiliário em Santarém não compensa arrendar. Os preços dos arrendamentos estão muito altos exactamente porque há uma quantidade de pessoas, principalmente estrangeiros, sobretudo brasileiros, que aqui chegam também para fugir dos preços exorbitantes de Lisboa. O rendimento médio de um agregado familiar não permite assumir com facilidade uma renda de uma casa de 500 ou 550 euros e cumprir.
As redes sociais vieram facilitar a venda de casas. São mais uma forma de contacto e uma ferramenta de marketing ao nosso dispor e dos particulares. Quando começa a haver mais procura do que oferta as pessoas têm tendência para experimentar. A diferença em relação à agência é que não sabem fazer a selecção dos clientes, nem dar apoio a nível de financiamento quando é necessário.
Quando um particular tenta vender a própria casa fica muito exposto a situações menos simpáticas. Nunca sabe quem é que lhe vai entrar em casa. Se o objectivo é comprar ou só ver por curiosidade ou com outros fins, como, no limite, cometer um assalto. A vantagem de trabalhar com uma imobiliária é que os profissionais fazem essa selecção antecipadamente. Também é importante ter um aconselhamento profissional para determinar o valor justo do imóvel. Muitas vezes a ansiedade que a pessoa cria quando coloca o seu próprio imóvel à venda atrapalha na negociação.
Tenho paixão por gatos talvez porque fazem pouco barulho e não cheiram mal. Há uns anos tive um episódio com um cão, de noite, na estrada. Ele ia a correr assustado com a corrente pendurada. Parei para ajudar e foi amor à primeira vista. Levei-o para o canil, mas pouco tempo depois não resisti e fui buscá-lo. A ERA apoia a maternidade da ASPA (Associação Scalabitana de Protecção Animal) e acabamos por estar em contacto com os animais. Numa visita o meu marido e o meu filho encantaram-se com outro cão e trouxeram-no para casa. Temos ainda outro que pertencia a um cliente que vendeu a quinta e ia levá-lo para o canil. Vivem todos felizes numa casa que temos nos arredores de Santarém, onde vamos nos fins-de-semana. No apartamento tenho dois gatos também resgatados da rua.
Gosto de ler, de cinema e de viajar. Mas confesso que, com dois filhos, uma delas bem pequenina, não tem sido fácil. Há muitos anos que não tenho férias, vou tirando uns dias. No dia-a-dia de trabalho prefiro as tardes. A manhã passa muito rápido e acabo por não fazer tudo o que queria. As tardes e princípio de noite parecem render mais.
O que me dá mais prazer na vida é estar sentada à beira-mar a olhar para o horizonte. Aprecio o mar em qualquer estação do ano, mas prefiro-o no Verão. Gosto de ficar na praia quando toda a gente já foi embora, só a ouvir o barulho das ondas.

Quando um particular tenta vender a própria casa fica exposto a alguns riscos

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