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O stress e a ansiedade são os inimigos da saúde oral 
Para Miguel Fraga Silva hoje tem-se uma noção muito ‘hollywoodesca’ do que é um sorriso bonito

O stress e a ansiedade são os inimigos da saúde oral 

Miguel Fraga Silva, 35 anos, é director clínico do Oral Function - Centro de Prevenção e Reabilitação, em Santarém. Um espaço cuja filosofia é a prevenção da saúde oral e o entendimento do corpo humano como um todo. Na conversa, que decorreu no Dia Mundial do Sorriso, o clínico revela que aumentou a procura por tratamentos mais transformadores, como aparelhos nos dentes que ficam agora escondidos pela máscara. Mas a pandemia veio agravar o stress e a ansiedade, os grandes inimigos da saúde oral.

A prevenção em medicina dentária não é cara. O tratamento é que é caro. A filosofia do Oral Function - Centro de Prevenção e Reabilitação baseia-se, por isso, no diálogo com os utentes transmitindo-lhes a importância da prevenção na saúde oral. “O importante é definir o ponto em que se está, os riscos em que incorre, qual o projecto de futuro e escalá-lo em diferentes etapas, que podem ser interrompidas a meio”, refere Miguel Fraga Silva, director clínico neste centro de prevenção e reabilitação, em Santarém, que em Dezembro completa dois anos de existência.
“Tal como na construção de uma casa, faz-se um projecto e vai-se construindo à medida das possibilidades. O objectivo é que cada degrau que se sobe não se volte a descer mais tarde e que existam condições para que o doente nunca faça opções condicionado por questões de natureza financeira, das quais se venha a arrepender mais tarde”, garante o clínico. Acrescenta que, do ponto de vista social, a acção mais importante do médico dentista é transmitir a ideia de que prevenir é infinitamente melhor do que tratar, pois as alternativas, por muito boas que sejam, nunca são iguais ao dente original.
Mais do que uma questão de natureza económico-financeira, Miguel Fraga Silva considera que a pandemia veio condicionar a saúde oral por via do stress e da ansiedade emocional. São estes, na sua opinião os factores mais destrutivos, uma vez que afectam a dieta e a disponibilidade para cuidar de si próprio. Além disso, acrescenta, a ansiedade gera normalmente um aumento da actividade muscular, que se pode traduzir, por exemplo, no ranger de dentes.
“A maior parte das questões de desregulação emocional não têm a ver com condicionantes económicas, mas sim com questões relacionadas com familiares com patologias que deixaram de ser acompanhadas. Consultas e tratamentos adiados geram ansiedade. Não se convive bem com a incerteza e com a falta de respostas”, garante o médico.
Mas se por um lado a Covid-19 veio aumentar o stress e a ansiedade, podendo provocar danos na saúde oral, por outro, com o uso obrigatório de máscara, veio contribuir para o aumento da procura de aparelhos nos dentes e outros tratamentos mais transformadores, quer por motivos estéticos, quer funcionais. E se antes estes eram solução para corrigir a dentição sobretudo de crianças e jovens, agora há cada vez mais pessoas com maior idade a usar aparelho nos dentes.
“Há pacientes que chegam ao consultório aos 40 anos, ou mais, quando começam as sequelas. Um estalido, um desconforto, uma sucessão de fracturas dentárias... Nessa altura procuram ajuda e a solução passa muitas vezes por redefinir a forma como os dentes encaixam, mais do que uma solução estética”, remata Miguel Silva.
O medido diz que actualmente tem-se uma noção muito ‘hollywoodesca’ daquilo que é um sorriso bonito, que normalmente passa por dentes de uma brancura artificial. “Mas um sorriso bonito não tem que ser perfeito”, refere o médico, acrescentando que um sorriso bonito é um sorriso natural, onde não há intervenção ou onde a intervenção maximiza as características do rosto de cada um, sem se fazer notar. “Isso pode ser um branqueamento, uma higiene oral, capas de cerâmica, ou, não existindo dentes, uma solução de implantes. Tratamentos que podem andar entre 50 e os 10 mil euros”, afirma quando lhe perguntamos quanto custa um sorriso bonito, tema que vem a propósito da data da entrevista, 2 de Outubro, Dia Mundial do Sorriso.

Medicina era a primeira opção
A exercer medicina dentária há mais de uma década, Miguel Fraga Silva, 35 anos, confessa que inicialmente esta não foi a sua primeira opção. “Falhei a entrada em medicina, por algumas décimas, entrei em medicina dentária na perspectiva de eventualmente pedir transferência, mas acabei por gostar e ficar”.
Estudou e começou a trabalhar em Lisboa, fez uma pós-graduação em Viena de Áustria, trabalhou em contexto hospitalar e gostou da experiência pela sinergia com outras possibilidades médicas e o entendimento do corpo humano como um todo. Foi nesta perspectiva que criou uma unidade de cuidados no Hospital Particular de Santarém, onde esteve até à venda da instituição à CUF. A viver intermitentemente entre Lisboa e Santarém, optou por Santarém depois do casamento e reforça que ganhou qualidade de vida.
O trabalho clínico e de gestão ocupa-lhe praticamente todo o tempo. Quando chega a casa estuda e resolve questões que ficaram pendentes do dia-a-dia. Com dois filhos pequenos resta pouco tempo, mas o que há aproveita-o para conviver com os amigos, ler sobre inteligência emocional e relações interpessoais e para a prática de pilates, actividade que descobriu recentemente.

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