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“O nosso poder de compra devia dar para trocar de carro de 4 em 4 anos”
Nuno Luz recebeu O MIRANTE no stand de Santarém, onde a Julião Luz & Filhos também está representada

“O nosso poder de compra devia dar para trocar de carro de 4 em 4 anos”

Nuno Luz, 46 anos, é gerente da Julião Luz & Filhos, concessionário Mazda e Kia em Riachos, Entroncamento, Golegã, Abrantes e Santarém

Seguiu as pisadas do pai no ramo automóvel e, com os irmãos, conta já com cinco stands na região onde representa as marcas Mazda e Kia. O negócio inclui a venda de viaturas novas, usadas e serviço de pós-venda. Nuno Luz defende que as campanhas das marcas são agora tão fortes que por vezes sai mais em conta comprar um carro novo do que um usado. Mas não lhe perguntem qual das insígnias prefere, porque isso é como tentar saber de qual das filhas gosta mais. Resposta mais fácil é à questão como serão os carros em vinte anos: eléctricos e com sistemas de autonomia de condução.

Nasci na Golegã, no Hospital da Misericórdia, na rua onde moro desde 2006. Antes disso vivi nos Riachos, a terra dos meus pais. Foi lá que passei toda a infância, a brincar e a jogar à bola na rua. Ainda sou do tempo de sair de casa de manhã, nas férias, e só voltar para o jantar. A nossa distracção era na rua, afinal também só havia dois canais de televisão.
A escola primária foi feita em Riachos, com um professor “à antiga”. O professor Mineiro era conhecido por ser duro nos castigos e disciplinador. Em 1982/83 era normal ainda haver umas reguadas. Depois segui para Torres Novas, para o ciclo, e mais tarde para a Maria Lamas. A passagem para a secundária foi um choque. A escola tinha muito mais alunos, de todo o concelho de Torres Novas e alguns até de concelhos vizinhos, como Golegã e Chamusca. Havia uns já mais velhos que impunham respeito e nem me atrevia a entrar em algumas zonas. Era caloiro e faziam-se umas praxes valentes.
Sempre conheci o meu pai a trabalhar no ramo automóvel. Trabalhou nos Claras, de Torres Novas, onde começou na distribuição de gás. Depois passou para a venda de tractores. Com o 25 de Abril o grupo Claras foi nacionalizado e nessa altura já trabalhava nos automóveis. Durante muitos anos esteve na Trenauto, concessionário Renault em Torres Novas, um dos mais antigos do país. Hoje andava com um carro e amanhã com outro diferente. Achava engraçado. Quando saiu o modelo Super 5, por volta de 86, ele estreou-o e isso ficou-me na memória.
Nunca pensei seguir este ramo. Bebíamos um bocadinho desse ambiente dos automóveis e das feiras, onde por vezes o acompanhávamos, tanto eu como os meus irmãos João e Rui. Mas a minha ideia era tirar o curso de Gestão de Empresas.
Entretanto comecei a trabalhar com o meu pai e aproveitei a oportunidade de haver ISLA em Torres Novas para iniciar o curso de Gestão de Recursos Humanos. Concluí o curso no ano 2000, em Santarém, e apliquei muita coisa que aprendi, na altura, aqui na empresa. Considero que devíamos ter mais oportunidades de formação. Os nossos mecânicos e os vendedores têm muita formação, mas é proporcionada pelas marcas. Já os quadros médios e superiores deviam ter mais oportunidades de formação.
Entrei na empresa em 1992, num stand da Renault na Golegã que vendia carros novos e usados. Fomos crescendo e actualmente estamos presentes em Riachos, Entroncamento, Golegã, Abrantes e Santarém. Somos representantes da Mazda e da Kia, para o distrito de Santarém, desde 2014. A presença na capital de distrito, com um stand próprio, deu-se o ano passado.
Quando me perguntam qual a marca que prefiro, respondo que é uma questão difícil. É como perguntarem qual das minhas filhas gosto mais. São diferentes e têm alvos de mercado um pouco diferentes.
Conduzo o carro de serviço que der mais jeito na altura. Não tenho um carro fixo. Na reforma imagino-me a conduzir um Mazda MX5 ao fim-de-semana e um Kia Sorento durante a semana. Em duas décadas os carros vão ser maioritariamente eléctricos e com sistemas de autonomia de condução bastante avançados.
Há um mito que o carro usado é mais barato que um novo. Mas as campanhas das marcas agora são tão fortes que muitas vezes temos carros novos a preços muito competitivos. É preciso analisar bem o mercado.
Quando um carro sai do stand já desvalorizou. Isto é válido se o cliente o quiser vender no dia a seguir. É claro que será sempre comparado com um novo e o novo ganha. Mas se o vender três ou quatro anos depois o seu valor vai baixando, mas também vai sendo amortizado pela utilização. O nosso poder de compra devia dar para trocar de carro de quatro em quatro anos. Era o ideal. Era bom para o mercado dos novos e dos usados.
O negócio mudou com a pandemia, os salões de venda estiveram fechados entre Março e Maio. Isto alterou a forma de comunicar com os clientes. Tivemos que incrementar a nossa presença no digital e adaptarmo-nos à nova normalidade. Houve quebra de vendas. Temos vindo a recuperar, mas muito dificilmente se chegará aos números do ano passado. A oficina, por ser um serviço essencial, esteve sempre aberta.
Sou membro da direcção da Associação da Festa da Bênção do Gado, em Riachos. Fui convidado em 2018 e começámos a preparar a festa que se deveria ter realizado este ano. Estava tudo já delineado, ia ser uma grande festa, mas com a pandemia ficou sem efeito.
A Golegã é uma terra muito pacata, com uma boa qualidade de vida onde temos tudo. Além da Feira do Cavalo e das provas equestres há muito turismo durante todo o ano, por fazer parte da rota dos Caminhos de Santiago. Todos os dias há pessoas que ali chegam a pé e muitas delas pernoitam na vila.

“O nosso poder de compra devia dar para trocar de carro de 4 em 4 anos”

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