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“A Chamusca está muito parada e precisa de se modernizar”
Vasco Reis é administrador da Cadova, sociedade agrícola sediada na Chamusca, há cerca de seis anos

“A Chamusca está muito parada e precisa de se modernizar”

Vasco Reis, 54 anos, administrador da Cadova – Cooperativa Agrícola da Chamusca

Vasco Reis é administrador da Cadova - Cooperativa Agrícola do Vale de Arraiolos, na Chamusca, há seis anos mas a sua ligação começou há 23 anos quando entrou como técnico agrícola depois de ver um anúncio em O MIRANTE. Tem terrenos em Mação, onde nasceu, mas confessa não valer a pena investir na reflorestação porque os fogos destroem tudo. Considera que na Chamusca falta indústria e serviços para que as pessoas optem por viver no concelho.

Tenho terrenos em Mação que arderam por completo e optamos por não reflorestar. São parcelas de terreno muito pequenas que arderam em 2003 e em 2017. Quando as árvores estão boas para se fazer o corte vem um incêndio e perdemos tudo.
A nova coqueluche da Cadova são as amêndoas. Estão a ser cultivadas desde o ano passado na Chamusca, em Évora e Serpa (Alentejo). Decidimos avançar com esta cultura porque havia procura e os campos são bons. Os mais antigos contam que os campos da Chamusca estavam repletos de pomares de pêssegos, pêras, olivais e havia também muita amêndoa. Este ano não houve uma produção que não tivesse quebra de rendimento. Deve-se sobretudo ao clima. Fez muito calor no Verão durante muito tempo, o que prejudicou as culturas.
A Chamusca está muito parada e precisa de se modernizar. Falta muita coisa, mas sobretudo indústria e serviços, para que as pessoas possam voltar a viver no concelho. O encerramento da fábrica de tomate, há cerca de 20 anos, foi arrasador para o concelho. A agricultura é muito importante porque mexe com muita gente, com casas comerciais, prestadores de serviço.
Dar aulas foi uma boa experiência mas percebi que não era o caminho profissional a seguir. Licenciei-me em engenharia agronómica e assim que conclui os estudos surgiu a oportunidade de dar aulas de Matemática, Biologia e Ciências da Natureza, na Golegã e em Riachos. Estive apenas quatro meses em regime de substituição. Tirei mestrado na mesma área e tirei um MBA no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Também dei formação agrícola a empresas privadas da região do Ribatejo.
Comecei a trabalhar na Cadova depois de responder a um anúncio que vi no jornal O MIRANTE. Iniciei o meu percurso profissional nesta cooperativa agrícola há 23 anos como técnico agrícola. Em 2003 passei para a direcção e há seis anos sou o administrador. Administrar uma cooperativa agrícola dá trabalho e algumas dores de cabeça. Gosto de andar no campo mas o meu trabalho obriga-me a muito trabalho de secretária. Não sou pessoa para estar fechada. Sempre que posso vou até ao campo falar com os agricultores e acompanhar os trabalhos.
Enquanto me lembrar da má experiência que tivemos não vamos vender para hipermercados. Acordamos com uma grande superfície comercial entregar mil quilos de cebolas, o que corresponde a dois contentores, que levámos da Chamusca até Azambuja. Quando entregámos o produto eles viram que estava tudo em condições. Três dias depois telefonaram a protestar e a dizer que a cebola não prestava. Disseram que tínhamos que ir buscar a cebola que lá deixámos, tínhamos que os indemnizar e ainda tínhamos que levar mais. Fomos buscar o produto e não assinámos contrato. São contratos em que eles têm o poder todo. Toda a nossa produção vai para a indústria.
Nasci em Mação mas vivi muitos anos na Azinhaga (Golegã) e mudei-me há 10 anos para Abrantes. Nunca vivi em Mação mas as férias de Verão na infância e adolescência eram lá passadas. Adorava brincar no campo. Cheguei a trabalhar na apanha do tomate. Foi uma boa experiência para perceber que queria seguir uma área ligada à agricultura. O meu pai e os meus tios são técnicos agrícolas e seguir o mesmo percurso profissional foi algo natural. Escolhi viver em Abrantes por ser uma cidade calma, como gosto.
Fui atleta federado de andebol e voleibol. Pratiquei muito desporto na juventude. Tive que deixar de praticar desporto por causa de um problema de saúde. Durante uma consulta de medicina no trabalho o médico detectou-me uma alteração no coração. Fui ao médico que me diagnosticou uma miocardiopatia. Tenho um desfibrilhador no coração e não posso fazer muitos esforços. De início assustei-me mas decidi que não ia deixar de viver por causa disto. Deixei de fumar há 10 anos mas de resto faço a minha vida normal.
A viagem que fiz a Roma foi inesquecível. Voltava novamente. É uma cidade muito bonita e a comida é deliciosa. Gostava de ir a Angola. O meu pai esteve lá na Guerra Colonial e os meus tios tiveram lá propriedades que perderam tudo depois da descolonização. Os meus tios mostravam-me as fotos e falavam coisas maravilhosas que fiquei sempre fascinado e com vontade de visitar a cidade.

“A Chamusca está muito parada e precisa de se modernizar”

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