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José Manuel Póvoa: “Economizar na compra de um automóvel é um erro que sai caro”
José Manuel Póvoa é dono da empresa JM Póvoa e tem dois stands de automóveis e uma oficina

José Manuel Póvoa: “Economizar na compra de um automóvel é um erro que sai caro”

José Manuel Póvoa, natural de Alenquer, é gerente da JM Póvoa, empresa de carros usados e oficina automóvel.

Calceteiro aos 12 anos por obrigação fez-se empresário no ramo automóvel há 43. José Manuel Póvoa gere dois stands de automóveis e uma oficina em Alenquer e Vila Franca de Xira. Diz que a sociedade portuguesa continua a ter baixo poder de compra e que os governantes deste país não sabem do que falam quando incentivam à compra de um carro eléctrico. Subiu a custo na vida e talvez por isso não suporte os que nada fazem e tudo querem. Considera-se um bom líder e não um chefe que acha que tudo sabe. A sua fé é depositada nas pessoas e não em Deus.

Ainda hoje me custa falar da minha infância. Lembrar traz-me recordações menos felizes do tempo em que era menino e fui obrigado a deixar a escola para ir trabalhar para as obras. Tinha doze anos quando o meu pai me ensinou a profissão de calceteiro.

Quando um sonho fica por cumprir devemos correr atrás dele. Foi o que fiz aos 19 anos quando regressei à escola. Curiosamente o primeiro carro que vendi foi à minha professora de francês, em 1977.

Não basta ser, é preciso parecer um bom vendedor de automóveis. Mantenho a minha empresa há 43 anos a trabalhar com humildade, seriedade e honestidade para com os meus clientes e a minha equipa.

Subi na vida mas o poder nunca me subiu à cabeça. Não sou daqueles chefes que acha que sabe mais do que os seus funcionários. Sei pôr-me na retaguarda e dar espaço a quem sabe mais do que eu. A JM Póvoa emprega 15 pessoas que são a minha família alargada.

Economizar na compra de um automóvel é um erro que sai caro. A qualidade compensa sempre, mas a nossa sociedade tem um baixo poder de compra. Geralmente só se troca de carro quando começa a dar problemas e as despesas de oficina começam a ser incomportáveis.

Gostava de perguntar aos nossos governantes que defendem a todo o custo os carros eléctricos se sabem o que é viver com 600 euros por mês. Comprar um carro por 40 mil euros que dali a três anos vale 10 mil e dez anos depois está em fim de vida é um erro. A sociedade portuguesa não tem capacidade económica para andar de carro eléctrico.

Na hora da compra a mulher é quem decide que carro ela e o marido vão levar para casa. Se for um filho é este quem toma a decisão. É inegável que os jovens estão muito mais esclarecidos sobre a qualidade automóvel.

Há quem diga que a internet veio estragar o negócio da venda de automóveis. Tenho opinião contrária. A JM Póvoa tem 150 carros para ver online e isso alargou o nosso negócio a todo o país.

Há quem mande a documentação por email e só apareça na hora de levantar o carro. As garantias já asseguram reparações pelo país todo e as condições de financiamento estão a favor do cliente.

Ainda sou do tempo em que se pagavam carros através de letras bancárias. Se o cliente naquele mês não tivesse dinheiro no banco, a conta bancária do vendedor era sacrificada. A taxa de juros era tão alta que se comprava um carro e pagavam-se dois.

Não gosto de injustiças nem de pessoas que querem ter tudo sem nunca terem feito nada. Nunca me casei porque tenho fé nas pessoas e não em Deus. Felicidade é ter a minha família por perto. Posso dizer que tenho muito orgulho que uma das minhas duas filhas esteja a seguir as minhas pisadas.

Gosto da calma do mar, mas já lá apanhei grandes sustos. Na zona do Baleal estive quatro horas sozinho no meio do mar a tentar manter-me à tona. É uma sensação de medo, impotência e de um certo desespero.

Não sou homem de arrependimentos mas se me pusessem dentro de uma máquina do tempo recuava até à minha juventude para poder aproveitá-la melhor. A velhice e o sofrimento que lhe está associado assustam-me. Devia-se poder morrer carregando num botão quando a saúde se esgota.

José Manuel Póvoa: “Economizar na compra de um automóvel é um erro que sai caro”

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