Três anos depois o malfadado açude de Abrantes volta a precisar de obras
Reparação de uma ruptura num dos vãos vai custar mais de 400 mil euros ao município, que já gastou uma fortuna naquela infra-estrutura.
Três anos após a última intervenção milionária o açude de Abrantes volta a precisar de obras. Desta vez a intervenção no açude insuflável no Tejo é para reparar uma ruptura de 70 centímetros num dos vãos. Os trabalhos já começaram e vão ter um custo superior a 400 mil euros.
Segundo o vice-presidente da Câmara de Abrantes, João Gomes, será reparada a comporta do vão 2 do açude. Esta ruptura, detectada há vários meses, obriga o açude instalado no rio Tejo a estar desinsuflado e João Gomes informa que está previsto que a reparação termine no final de Janeiro de 2022.
O presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Valamatos, já tinha referido que a anomalia não se deve a vandalismo, apesar desta situação já ter acontecido noutras ocasiões. Neste caso é uma situação de manutenção. É a empresa responsável pela monitorização e acompanhamento das comportas e do funcionamento do açude que está a executar a reparação.
A fuga de ar foi identificada a 13 de Abril de 2021 durante uma visita de rotina dos serviços de monitorização ao local tendo sido necessário baixar propositadamente o caudal do rio para se desinsuflar todo o açude e inspeccionar a infra-estrutura.
A proposta dos custos de reparação do açude foi aprovada em sessão camarária. Em 2018, recorde-se, o açude foi alvo de uma intervenção que custou 350 mil euros na sequência de actos de vandalismo praticados em 2016 e que danificaram a estrutura.
O açude insuflável de Abrantes, o primeiro a ser construído em Portugal, foi inaugurado em Junho de 2007 pelo então primeiro-ministro José Sócrates. Tinha como propósito criar um amplo espelho de água – o chamado “mar de Abrantes – para desenvolver o turismo no concelho. Custou cerca de dez milhões de euros e muita tecnologia importada do Japão. O equipamento custa cerca de 200 mil euros por ano só em manutenção.
O equipamento tem feito correr muita tinta por razões negativas, relacionadas não só com actos de vandalismo, mas também com problemas no sistema passa-peixe que, em Abril de 2015, causaram a morte a milhares de peixes de diversas espécies que tentavam ultrapassar o açude para continuarem a subir o Tejo e desovar.