Sociedade | 21-01-2005 16:33

Esgotos correm para a ribeira em Torres Novas

Centenas de fotografias tiradas ao longo dos cursos das ribeiras do Tocha, da Boa Água e de Santo António, no concelho de Torres Novas, demonstram o estado lastimável a que chegaram estes pequenos cursos de água devido às descargas poluentes de fábricas e pecuárias. As fontes poluidoras ao longo das ribeiras são várias e as queixas sobre os maus cheiros começaram a chegar ao Serviço da Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR em Setembro. O levantamento feito por iniciativa da câmara municipal, que contou com a colaboração da Junta de Freguesia de Riachos e do gabinete de protecção civil, deverá ser entregue à Direcção Regional do Ambiente (DRA).O comandante do posto da GNR de Torres Novas, tenente Dário Madeira, disse a O MIRANTE que os elementos do SEPNA identificaram alguns dos agentes que fazem descargas para a Ribeira da Boa Água e levantaram vários autos. Posteriormente comunicaram à Direcção Regional do Ambiente a identificação dos alegados infractores, entre os quais uma unidade fabril no Carreiro da Areia, freguesia de Santiago, e uma pequena pecuária do Centro de Recuperação Infantil Torrejano (CRIT), na Variante do Bom Amor, no que diz respeito à ribeira da Boa Água.A Direcção Regional do Ambiente encarregou-se do caso e procedeu a recolhas de água para análise. A recolha é feita por uma aparelho fixado no leito do curso de água durante 24 horas. Na terça-feira, dia 18, foi retirado um desses equipamentos colocado na ribeira da Boa Água, logo depois da unidade fabril do Carreiro da Areia, mas ainda não são conhecidos os resultados. A fábrica possui uma estação de tratamento de águas residuais, mas há suspeitas que possa fazer descargas ocasionais para a ribeira, ou então que o tratamento de efluentes não seja o indicado.O CRIT poderá ser outra das causas para a pequena ribeira da Boa Água se ter transformado numa vala de esgoto. Aurora Urbano, engenheira técnica agrária desse centro de reabilitação, conta que a instituição foi visitada por soldados da GNR. “Mostrámos todo o sistema, não escondemos nada. A nossa pecuária é quase familiar e, embora não tenhamos tratamento de águas residuais, eles passam por vários tanques e, na maioria das vezes, utilizamo-las para regar as árvores, porque não têm detergentes”, explica.O restante corre para a ribeira por um cano junto à velha ponte do caminho vicinal do Casal das Vinhas Mortas até à estrada da Sapeira. O esgoto está no meio de um silvado, não se consegue ver. Apenas se ouve a água a correr e pelo barulho terá algum caudal.Aurora Urbano esclarece que aos efluentes que são escoados para a ribeira junta-se a água proveniente de uma ruptura de canos. “É por isso que o caudal é tão grande”, diz a engenheira.Para as duas outras ribeiras, de Santo António e do Tocha, as descargas poluidoras não são tão frequentes. Suspeita-se que a maior poluição tenha origem nos esgotos de quintais e de algum lagar nas imediações. Neste momento, são duas as entidades – GNR e câmara municipal – a fazer o levantamento da situação para comunicar às entidades responsáveis pelo ambiente.Margarida Trincão

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