Sociedade | 09-11-2017 10:34

Em Almeirim os negócios passam de geração em geração

Em Almeirim os negócios passam de geração em geração
FEIRAS E MERCADOS
Rui Costa e Lurdes Caetano vendem no mercado há mais de 40 anos

Rui Costa é o herdeiro da banca de peixe que existe desde que o espaço abriu há 85 anos

Rui Costa é o seguidor do negócio de família que há mais anos está no mercado de Almeirim, sem interrupção. O vendedor, nascido e criado em Almeirim, vende peixe há mais de 40 anos, na banca onde a avó iniciou a actividade na altura em que o espaço foi inaugurado, em 1932. Rui começou por ir para o mercado ajudar o pai, agora com 85 anos e reformado, até este lhe passar a banca. Conta com a ajuda da esposa, Lurdes Caetano, de 58 anos.
Os filhos do vendedor para já não demonstram interesse em seguir o negócio mais antigo do mercado. “Até ver não os vejo a pegarem na banca. Um dos meus filhos é analista, o outro trabalha com empilhadores e máquinas agrícolas”, refere, acrescentando que apenas a filha é que, por vezes, ajuda aos sábados. Rui Costa, 63 anos, reconhece que os tempos mudaram, sendo necessária muita força de vontade para continuar esta actividade. Além da banca no mercado, com 85 anos, Rui também é intermediário na venda de peixe para supermercados.
“Vê-se peixe na minha banca que não se vê no supermercado em termos de variedade”, diz o vendedor que faz questão de se manter no mercado para que este continue a ter algum movimento, porque, sem modéstias, considera que se fechar a banca o mercado terá tendência a acabar. “Estou no mercado mais para o manter vivo”, sublinha.
O vendedor abastece-se em Peniche, Figueira da Foz, Aveiro e Nazaré. O trabalho neste negócio faz-se em parte durante a noite, geralmente a partir das 23h00 até às seis da manhã, quando chega ao mercado com o peixe fresco. O cansaço é visível nos olhos de Rui, que depois de passar a noite a trabalhar ainda arranja forças para passar a manhã, até à hora de almoço, a tomar conta da banca, passando depois a tarde a dormir.
Alegre e com uma boa disposição que contagia quem está à volta, Rui não desperdiça o peixe que não é vendido. Quando está quase a passar o tempo ideal de consumo, o que garante ser raro, dá o pescado aos outros vendedores do mercado.

Fábio Simões gere o negócio, que era do sogro, há dois anos

O talhante que aprendeu o ofício com o sogro
Fábio Simões, de 34 anos, de Fazendas de Almeirim, é um dos talhantes do Mercado Municipal de Almeirim e o mais jovem a trabalhar no espaço, embora o talho já exista há trinta anos. Começou a trabalhar no talho com 19 anos de idade, a aprender a arte de cortar carne, ajudando o sogro, que entretanto lhe passou o negócio há cerca de dois anos. O negócio, diz, ainda é rentável, apesar da concorrência dos hipermercados, mas já não dá tanto lucro como há uns anos.
A carne que vende é entregue por fornecedores, de manhã cedo, quatro vezes por semana. Fábio acorda todos os dias às 6h15 para poder abrir o talho às 7h00 da manhã. No caminho para o trabalho encontra várias pessoas, principalmente aquelas que trabalham em Lisboa e que a essa hora se deslocam para a estação da Ribeira de Santarém para apanharem o comboio e as que vão para a agricultura.
Os clientes mais antigos continuam fieis às tradições mas os mais novos que vão ao talho já procuram outros tipos de produtos, como os hambúrgueres, a carne picada ou os panados, que são mais rápidos e fáceis de cozinhar. E nos últimos tempos tem havido mais jovens a procurarem o mercado. O talhante acredita que isto se deve à preferência cada vez maior dos mais novos por produtos de confiança e de qualidade vendidos por pessoas da terra que conhecem.
No talho do Fábio “não se regateiam preços”, garante orgulhosamente. “Pedem o produto porque sabem que é bom e por essa razão não me perguntam quanto é que custa”, diz o talhante que tem uma relação próxima com os clientes. “De alguns tenho o número de telefone e de outros sou amigo na rede social Facebook”. Quando tem carne que sobra e está a chegar ao final do tempo máximo para estar exposta, dá-a aos melhores clientes “ou a algumas pessoas que tenham dificuldades”. Também há quem peça fiado, situação que Fábio diz caracterizar um mercado tradicional e que o distingue das grandes superfícies.

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