Sociedade | 07-12-2018 15:00

“A Trissomia 21 não é contagiosa mas ainda há quem evite sentar-se ao meu lado”

“A Trissomia 21 não é contagiosa mas ainda há quem evite sentar-se ao meu lado”

Bruno Leitão pratica atletismo e já representou várias vezes a selecção nacional.

Bruno Leitão tem um sorriso cativante e transmite uma sensação de energia. Apesar de ter nascido com uma deficiência genética, o Síndrome de Down ou Trissomia 21, não tem desistido de concretizar alguns dos seus sonhos, nomeadamente no atletismo.

Aos 38 anos, tem um currículo desportivo invejável, tanto na marcha atlética como no lançamento do peso e do dardo. Já competiu em campeonatos nacionais da Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Intelectual (ANDDI) e no Campeonato do Mundo para atletas com Síndrome de Down, tendo obtido boas classificações e arrecadado várias medalhas e troféus.

Foi logo à nascença que os seus pais souberam que era portador do Síndrome de Down ou Trissomia 21. Bruno fez a escola em Almeirim mas a sua capacidade de aprendizagem era muito reduzida. “Andou na escola mas pouco ou nada aprendeu”, diz o pai Artur Leitão, que, contudo, acrescenta que o filho faz uma vida normal. “Ajuda em casa, faz teatro, dança e pratica desporto”.

Aos 18 anos entrou APPACDM de Santarém. Aí foi desenvolvendo algumas capacidades. “Iniciei-me no atletismo nessa altura. Tinha uns quilos a mais e decidi começar a praticar desporto”, conta Bruno Leitão.

Os seus olhos brilham à medida que vai mostrando a O MIRANTE as várias medalhas que ganhou, colocadas numa vitrine em casa. “Esta ganhei-a no lançamento do peso no México, em 2010. Na altura fui capitão e porta-estandarte da selecção e foi um enorme orgulho”, conta, recordando que, no momento em que carregou a bandeira portuguesa, ia vestido com o traje ribatejano o que fez grande sucesso.

Bruno Leitão, diz que vive com normalidade apesar de haver quem não o considere normal e continue a olhá-lo de lado. “Uma vez, estava sentado no autocarro e tinha o lugar do lado vazio. Entretanto, uma rapariga reparou e disse para a outra: -‘O quê? Eu sentar-me ao pé de um deficiente mental?’. Ainda lhes respondi e ficaram a olhar para mim mas não me importei. A Trissomia 21 não é contagiosa”, conta.

A treinar duas vezes por semana no Cartaxo e no Vale de Santarém, durante duas horas, Bruno confessa que é no atletismo que tem tido as maiores felicidades. De tal forma que já tem sonhos mais altos. “Gostava de praticar a modalidade no meu clube de eleição, o Sport Lisboa e Benfica. Sei que não é fácil mas tudo pode acontecer”, sublinha.

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