Sociedade | 10-02-2019 18:00

“Fazemos parte deste país e não estamos para ser gozados pela nossa deficiência”

“Fazemos parte deste país e não estamos para ser gozados pela nossa deficiência”

Curso piloto destinado a alunos especiais na Escola Superior de Educação de Santarém.

“Nós fazemos parte deste país e não estamos para ser gozados pela nossa deficiência”. As palavras são do jovem Rodrigo Andrade, 34 anos, portador de trissomia 21, e foram proferidas no auditório da Escola Superior de Educação (ESE) de Santarém, na quarta-feira, 30 de Janeiro, durante o evento ‘Projectos... interacção de VIDA...em Educação Inclusiva’, deixando muitos dos colegas, pais, professores e convidados emocionados.
Rodrigo Andrade, que quer ser actor de telenovelas, é um dos onze estudantes que frequenta a formação em Literacia Digital para o Mercado de Trabalho (LDMT) na ESE. Um curso piloto em Portugal, que se irá prolongar por dois anos lectivos e pretende incluir os jovens com dificuldade intelectual e desenvolvimental no mercado de trabalho.

Segundo a directora da ESE, Susana Colaço, no que diz respeito aos jovens com necessidades educativas especiais, ainda há muito a fazer para facilitar o acesso ao ensino superior. É por isso, adiantou, que é urgente que sejam implementadas iniciativas inclusivas no ensino superior.

“São jovens que querem continuar os estudos e ter as mesmas oportunidades de emprego remunerado. É nesse sentido que a ESE tem trabalhado”, constatou Susana Colaço, referindo que a ESE quer inscrever-se na história da educação inclusiva no ensino superior.

Durante a iniciativa, que contou com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, foi apresentado o primeiro impacto do curso na perspectiva dos pais, dos alunos envolvidos e dos docentes. Houve ainda oportunidade de abordar a temática da inserção destes jovens no mercado de trabalho e a exibição de algumas das actividades realizadas pelos estudantes que frequentam a formação.

Projecto é um exemplo, diz o ministro
Para Manuel Heitor, este projecto da ESE é um exemplo a nível nacional e europeu e deve ser alargado a todas as escolas superiores do país. “Queremos que em 2030 todos tenham acesso a esta formação”, adiantou o governante, admitindo que, para muitos, estudar significa mais felicidade e mais facilidade de arranjar emprego.

Já o presidente do Instituto Politécnico de Santarém, José Mira Potes, frisou que a nova direcção do instituto pretende apostar na diferenciação do ensino público técnico, começando por este tipo de formações que “não são fáceis de pôr de pé”.

Também o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, mostrou-se orgulhoso do projecto da ESE e garantiu que é um modelo a replicar por todo o país. Adiantou ainda que o município tem trabalhado também na inclusão das crianças e jovens, relembrando o projecto Escola Inclusiva, implementado há onze anos com o objectivo de incluir as crianças com necessidades educativas especiais.

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