Pai e filho acusados de homicídio no Sobralinho
Ministério Público acusa António Rato de homicídio qualificado por ter atropelado mortalmente Celso Patrick Borges, em Setembro último.
O MP acredita que os arguidos agiram “livre, deliberada e conscientemente” na prática dos seus actos. No despacho da acusação, a que O MIRANTE teve acesso, pode ler-se que “António Rato sabia que ao destravar o veículo, permitindo que o mesmo deslizasse na direcção da vítima, debilitada em função do golpe de canivete que sofrera momentos antes, podia causar-lhe a morte”.
Recorde-se que Patrick Borges estava com o seu irmão David, próximo da Sociedade Columbófila, no Sobralinho, quando foram interpelados por três indivíduos, que começaram a gritar e a pontapear o carro onde seguiam. Um deles era Marco Rato que, momentos depois, na Rua Amâncio Aleixo, empunhou um canivete e deu uma facada na cabeça de Patrick.
A facada, considera o MP, provocou na vítima “lesões crânio-encefálicas”, que seriam, por si só, capazes de “produzir a morte, caso não ocorresse assistência médica urgente, dada a abundante hemorragia”. Neste sentido, Marco Rato é acusado de homicídio na forma tentada, arriscando-se ao cumprimento de uma pena de prisão até 16 anos.
Depois da agressão que o deixou a “sangrar abundantemente”, Patrick deslocou-se para o seu veículo e percorreu uma rua até o imobilizar no meio da estrada, na Rua Duque da Terceira, “apenas com o travão de mão, porta destrancada e o vidro aberto”. Devido à gravidade do ferimento caiu metros à frente. É nesse momento que, segundo o Ministério Público, António Rato ao aperceber-se de Patrick caído no chão, destrava o carro permitindo que este deslizasse até colher a vítima.
Tendo como base o relatório da autópsia, o Ministério Público refere que “as lesões traumáticas torácicas, provocadas pela conduta do arguido António Rato, foram causa directa e necessária da morte da vítima”, arriscando-se agora a uma pena de prisão que pode chegar aos 25 anos, por homicídio qualificado.
No âmbito do mesmo caso, é reclamada uma indemnização de 270 mil euros à viúva e filhos de Patrick Borges, pela perda do direito à vida e o sofrimento da vítima. A defesa de António e Marco Rato contestam o pedido, considerando-o manifestamente exagerado.
António e Marco Rato cumprem a medida de coacção de prisão preventiva e vão ser presentes em tribunal colectivo, em Setembro próximo.
Alegado homicida acusa irmãos Borges de agressão
Tal como O MIRANTE noticiou em Outubro passado, foi Bruno Borges quem encontrou Patrick debaixo do carro, “com as pernas, abdómen e uma parte significativa do tórax esmagado, vivo, mas sem reacção”, lê-se no relatório da PJ. Depois de ver o irmão em agonia, momentos antes de falecer, Bruno, enfurecido e emocionalmente transtornado foi ao encontro de António Rato e envolveram-se numa rixa. Os irmãos de Patrick, David e Bruno Borges, estão acusados por António Rato de ofensa à integridade física simples.