Sociedade | 23-06-2019 18:00

Fábrica João de Deus em Samora Correia esconde fabrico de radiadores

Fábrica João de Deus em Samora Correia esconde fabrico de radiadores

Empresa mantém actividade em secretismo para não melindrar clientes estrangeiros.

A fábrica de radiadores João de Deus, em Samora Correia, guarda o fabrico de radiadores no máximo segredo possível como se de um tesouro se tratasse. Durante a visita à unidade do secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, no âmbito dos Encontros para a Competitividade e Inovação do IAPMEI, foi proibido fotografar e filmar e os jornalistas tiveram mesmo de deixar o equipamento à porta.

Em causa está o facto de, até para se produzirem radiadores, os grandes clientes obrigarem a cláusulas de confidencialidade, que são milionárias. Apesar de a empresa ter donos, são marcas como a Audi, Ford e Peugeot que não permitem a administração da João de Deus & Filhos, S.A. abrir livremente as suas portas. A revelação foi feita pelo administrador da empresa, Venicio Monteiro, depois de recusar aos jornalistas a captação de imagens na área fabril daquelas instalações. “Essa decisão não é nossa, mas das quinze marcas diferentes com as quais trabalhamos”, explicou o administrador, acrescentando que para cada novo projecto desenvolvido pela fábrica “há um novo acordo de confidencialidade que é firmado”.

Na indústria automóvel, uma das mais competitivas do universo empresarial, esta obrigação de confidencialidade é “uma estratégia do próprio construtor” para se conseguir diferenciar e fazer crescer a sua marca na quota de mercado e, “quem produz é obrigado a cumprir à risca o acordo que assina”, afirma Venicio Monteiro.

Apesar de o IAPMEI, organismo público que apoia o financiamento empresarial ter lançado um convite à imprensa para acompanhar o roteiro que passou por várias empresas sediadas na Lezíria e Vale do Tejo, nos distritos de Santarém e Lisboa, a João de Deus mostrou-se irredutível na sua decisão. Em 2018, a João de Deus, líder mundial na produção de intercoolers acumulou um valor de vendas na ordem dos 55 milhões de euros. Emprega actualmente 478 trabalhadores e exporta peças para todo o mundo.

Evacuação por intoxicação alimentar gerou prejuízo

A evacuação de emergência que no mês de Abril paralisou a João de Deus, durante um dia, foi o suficiente para que “houvesse uma perda económica substancial”, referiu Venicio Monteiro a O MIRANTE. “Temos procedimentos de emergência e como não sabíamos o que pudesse estar a causar aqueles sintomas [náuseas e vómitos] aos trabalhadores, decidimos accionar o nível máximo de emergência, a evacuação. Sabíamos do impacto que isso teria, mas acima disso está o bem-estar das pessoas”, acrescentou.

Recorde-se que na altura, O MIRANTE que acompanhou o caso, tentou falar com a administração da empresa que se remeteu ao silêncio, não permitindo sequer a presença de jornalistas nas suas instalações. As causas que levaram três dezenas de funcionários ao hospital ficaram a ser conhecidas três semanas após o ocorrido, depois de a empresa revelar o relatório médico, que comprovou tratar-se de uma gastroenterite viral.

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