Sociedade | 24-06-2019 10:00

O neo-realista que acredita no melhor da humanidade completa 98 anos

O neo-realista que acredita no melhor da humanidade completa 98 anos
CULTURA

Arquimedes da Silva Santos vive na Póvoa de Santa Iria e é uma referência da cultura nacional.

Arquimedes da Silva Santos, um dos nomes maiores do movimento neo-realista português e da Póvoa de Santa Iria, completa a 28 de Junho o seu 98º aniversário. O autor de obras como “Plinto” ou “Cantos Cativos” passa hoje os seus dias num lar, depois de o ano passado ter aparecido pela última vez em público, já visivelmente debilitado pela idade avançada, para a inauguração de uma exposição bibliográfica sobre o seu percurso, no Museu do Neo-Realismo, espaço de cultura do qual foi um dos grandes impulsionadores.

Foi também em 2018 que recebeu o título de doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa. Cidadão antifascista, preso político torturado pela polícia política, é um poeta, professor e pedopsiquiatra. Um homem que se confessou várias vezes multidimensional, com intervenção nas áreas cívica, política, artística, científica e educativa. Nasceu na Póvoa de Santa Iria em 1921 e frequentou escolas em Estarreja e Ourém. Fez o 1º ano do liceu em Santarém e foi depois viver para Vila Franca de Xira.

Em 1939 frequentou o Liceu Passos Manuel, em Lisboa, e contactou com outros poetas, artistas e escritores, nomeadamente o grupo de Alves Redol, que incluia também Carlos Pato, Garcez da Silva, Júlio Graça e Bona da Silva. Tendo grandes laços de amizade e cumplicidade com Alves Redol, Arquimedes da Silva Santos honrou essa memória lutando pela criação de um Centro de Documentação e Investigação do Neo-Realismo, acabando por ser em 1988 membro fundador da Comissão Instaladora do Museu do Neo-Realismo e, dez anos depois, vice-presidente da Assembleia-Geral da Associação Promotora do museu.

O município de Vila Franca de Xira está há um ano a estudar a possibilidade de vir a atribuir um prémio municipal com o nome de Arquimedes da Silva Santos. A acontecer não seria a primeira vez que Vila Franca de Xira distingue um autor criando um prémio em sua memória, como acontece actualmente com o prémio literário Alves Redol, o prémio musical Carlos Paredes e o prémio de teatro Mário Rui Gonçalves.

O MIRANTE foi um dos últimos jornais a realizar uma grande entrevista de vida com o autor, na sua casa, que vale a pena ler ou reler. Nela Arquimedes confessava que se dependesse do dinheiro que ganhou como médico durante a sua vida hoje andaria a pedir esmola. “Desde há muitos anos que estou fora deste mundo. As frustrações têm sido tantas que me sinto excluído e desorientado com tanta coisa que se está a passar. Há muito que me escapa mas, pelo que vejo, o mundo caminha para o abismo. Espero que a humanidade encontre o caminho para se salvar dos seus muitos problemas”, dizia.

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