Sociedade | 21-07-2019 19:00

IC2 na zona de Rio Maior continua a coleccionar acidentes e vítimas

IC2 na zona de Rio Maior continua a coleccionar acidentes e vítimas
PERIGO

Marcha lenta entre Benedita e Aveiras de Cima para reclamar obras de fundo nessa via.

Foi na noite de 9 de Março deste ano, já passava das oito horas. Quem conduzia era um colega de André Agostinho. O troço era conhecido por ambos os jovens. Regressavam de um jantar e circulavam no Itinerário Complementar (IC) 2, na zona de Alto da Serra, em Rio Maior, a caminho de casa, na Benedita, concelho de Alcobaça.

A viagem foi interrompida por um brutal acidente. O colega de André perdeu o controlo do veículo num ressalto do piso, consequência da falta de intervenções de fundo naquela estrada, acabando por sair da faixa de rodagem, capotar e ser abalroado por um outro veículo que seguia no sentido contrário. O amigo sofreu ferimentos ligeiros. Já André Agostinho, 26 anos, teve de ser desencarcerado e transportado para o Hospital de Santarém e, mais tarde, para o Hospital de São José, em Lisboa, em estado crítico.

Luísa Agostinho, mãe de André, à conversa com O MIRANTE, antes da partida para a marcha lenta que decorreu na sexta-feira, 12 de Julho, entre Benedita e Aveiras de Cima (Azambuja), para reclamar obras nesse troço, classificou-o como uma estrada de terceiro mundo. “São buracos e mais buracos, remendos, ressaltos, curvas com riscos descontínuos. A estrada está realmente péssima. Depois, aliado ao excesso de velocidade, os acidentes acontecem”, refere a residente na Benedita, lembrando que é uma das estradas com maior tráfego e sinistralidade do país.

José Belo, da Comissão de Utentes do IC2, organizador da marcha lenta, admite que as “rectas e as curvas da morte” não se cingem ao troço do IC2 entre Benedita e Asseiceira, concelho de Rio Maior, para o qual estão anunciadas obras há anos, estendendo-se até ao concelho de Azambuja. “Não dá para aguentar mais. A cada dia que passa são mais acidentes que acontecem – ontem mesmo [11 de Julho] aconteceu mais um acidente - e isto é constante. Estamos todos os dias à espera quando é que nos calha a nós, porque é muito fácil neste troço ter acidentes”, declarou.

Para o porta-voz dos Utentes do IC2, o anúncio repetido de previsão do avanço da empreitada por parte da Infraestruturas de Portugal (IP) faz lembrar a história das obras de Santa Engrácia, que nunca mais terminam. “Reparem neste troço, é betão com buracos e eles querem pôr alcatrão a tapar buracos em cimento. Isto não cola. Os buracos abrem novamente e é constantemente isto”, disse, referindo-se à declaração da IP de que, enquanto não avança a empreitada prevista, está a promover a realização de trabalhos pontuais de conservação do pavimento, de forma a mitigar os problemas de sinistralidade que ali se têm registado.

Concurso para obras lançado este ano

A Infraestruturas de Portugal (IP) revelou na quinta-feira, 11 de Julho, que está previsto para este ano o lançamento do concurso público da empreitada de beneficiação do troço do IC2 entre Benedita e Asseiceira, com um preço base de 7,5 milhões de euros e um prazo de execução de 450 dias. “Trata-se de uma intervenção que atravessa os concelhos de Rio Maior e Alcobaça, nos distritos de Santarém e Leiria, desenvolvendo-se numa extensão total de cerca de 20,3 quilómetros”, afirma a nota.

O lançamento do concurso foi anunciado inicialmente em 2015 e depois em 2018, altura em que a IP apontou como provável o início da obra no segundo semestre deste ano, “condicionado, todavia, à obtenção da autorização de encargos plurianuais, solicitada em Agosto”, como admitiu a empresa na resposta a uma questão do município de Rio Maior.

Ao longo do troço, visivelmente em mau estado, sobretudo entre Alto da Serra e Asseiceira, encontram-se, nas bermas, restos de vários pneus rebentados e, pontualmente, ramos de flores envelhecidos, sinalizando vítimas de acidentes. O IC2 liga Lisboa ao Porto, funcionando nalguns pontos como variante à Estrada Nacional (EN) nº1.

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