Sociedade | 10-08-2019 12:30

Tomar quer Festa dos Tabuleiros como Património Mundial mas vai ter de esperar muitos anos

Tomar quer Festa dos Tabuleiros como Património Mundial mas vai ter de esperar muitos anos
TABULEIROS

Município dá o primeiro passo com candidatura a Património Nacional para justificar interesse da Unesco.

A presidente da Câmara de Tomar tem consciência que a Unesco vai demorar uns anos até começar a avaliar a candidatura da Festa dos Tabuleiros a Património Imaterial da Humanidade. Mesmo assim, Anabela Freitas mantém essa intenção como objectivo, mesmo que a decisão sobre a candidatura demore uma década. O primeiro passo foi dado na semana passada com a apresentação da candidatura da Festa dos Tabuleiros a Património Nacional.

Anabela Freitas está ciente de que a Unesco não está a dar prioridade às candidaturas europeias, mas realça que a autarquia vai dar um passo de cada vez e que a candidatura só deverá ser submetida daqui por dois anos. Durante este tempo o município vai estruturar a proposta com mais elementos. A candidatura a Património Nacional, já entregue e que está para decisão, vai servir de base para a candidatura à Unesco. “Queremos conseguir agregar um conjunto de entidades à volta desta candidatura, como o Presidente da República, embaixadores de Portugal e outras entidades, para fortalecer a nossa candidatura”, explicou Anabela Freitas a O MIRANTE.

A autarca recorda que a festa está enraizada há vários séculos na comunidade de Tomar e é única no país e no mundo, tendo na sua essência a partilha e sendo uma festa feita pelo povo e para o povo. O reconhecimento mundial desta iniciativa, da sua genuinidade e identidade é importante para a visibilidade não só da festa, como também do município, do seu potencial patrimonial, arquitectónico, natural e cultural.

Com origem pagã, simbolizando a época das colheitas, a Festa dos Tabuleiros adquiriu carácter religioso na Idade Média, com a Rainha Santa Isabel. Os tabuleiros da festa de Tomar, pela sua forma, são únicos no âmbito das tradicionais festas do Espírito Santo que se realizam um pouco por todo o país. A autarca referiu que o processo para o reconhecimento mundial há décadas que é falado, mas só agora este executivo decidiu passar das palavras à prática. Anabela Freitas reforça que 2019 é o ano para trabalhar no sentido da Festa dos Tabuleiros integrar o Património Cultural Imaterial Nacional.

O registo de inventariação da Festa dos Tabuleiros de Tomar no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (PCI) contempla dois tipos de informação, nomeadamente sobre a manifestação de PCI, de carácter histórico e etnográfico, que ateste obrigatoriamente a dinâmica actual da prática social, assim como, com a profundidade temporal possível, o devir histórico e as dinâmicas que a tradição conheceu no âmbito da sua génese e transmissão ao longo das gerações”, disse André Camponês, do Instituto de História Contemporânea (IHC), que coordena cientificamente o projecto de candidatura.

O investigador e antropólogo dedicou os últimos meses a recolher informações, depoimentos e documentos sobre a Festa dos Tabuleiros. Neste trabalho foram incluidas propostas de salvaguarda de registos vídeo e fotográficos de profissões em vias de extinção, como o latoeiro ou o cesteiro, para que possam ser replicados no futuro, ou que sirvam de base à criação de um centro interpretativo da festa, que a autarquia já aprovou em sede de executivo.

A data mais antiga que documenta a existência da Festa dos Tabuleiros (então designada Festa em Honra do Divino Espírito Santo) é de 1844, segundo o livro de actas e contabilidade da Academia Philarmónica Tomarense (já desaparecida). O testemunho mais antigo da Festa do Espírito Santo é a Coroa da Asseiceira de 1544.

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