Sociedade | 13-09-2019 10:00

Um monte de velharias que podia dar um museu

Um monte de velharias que podia dar um museu

Artur Fonseca, residente em Secorio, Santarém, tem uma garagem cheia de artigos relacionados com a vida de outros tempos e gostava de a transformar num espaço aberto à visitação.

Uma cadeira de barbeiro com mais de 150 anos ou um carro de bois com quase 200, ou ainda uma tarefa, recipiente onde antigamente era escaldado o azeite, são algumas das milhares de relíquias que Artur Fonseca guarda com carinho na garagem de sua casa, que deu lugar a uma espécie de museu, no centro do Secorio, no concelho de Santarém.

Entre a vizinhança o espaço é conhecido e muitos são os que ajudam a ampliar o seu acervo, ou porque os artigos já não têm utilidade ou por desinteresse sobre os mesmos. Todos sabem que, se têm algo que passa a ser inútil para o dia-a-dia podem ir dar ao senhor Artur. Outros objectos foram herdados por familiares, como é o caso da cadeira de barbeiro ou do carro de bois que era do sogro.

Artur Fonseca, 75 anos, também foi investindo ao longo da vida. Ao todo diz que já gastou cerca de 15 mil euros em artigos. Refere que já perdeu a conta a quantas peças tem no total, nem tão pouco sabe o valor global que possa ter todo o conjunto de peças.

O coleccionador passa horas a tratar da manutenção dos objectos e diz que não é pêra doce. “Dá muito trabalho ter isto tudo com alguma limpeza e manutenção. Mas se não o fizer vai-se estragando”. A colecção não segue um fio condutor. Há de tudo um pouco: dezenas de lamparinas, alfaias agrícolas, candeeiros de petróleo, trilhos de debulhar o trigo, azulejos, uma máquina de coser sapatos.

Há cerca de três anos, um empresário da área do turismo rural de Aveiras de Cima soube da sua colecção, foi visitá-la e quis adquiri-la por 45 mil euros. Artur não levou muito tempo a dar resposta. “Disse-lhe logo que não vendia. Era muito dinheiro, mas não consegui desfazer-me disto”, conta.

A ideia de fazer um museu dedicado às antiguidades e ao mundo rural foi já falada com vários autarcas de Santarém. Alguns visitaram o espaço, dizem que a ideia é boa, mas nunca andou para a frente. “O que gostava era de continuar com o espaço aqui para ser catalogado e ser um ponto de visita na região”, sublinha o coleccionador.

Artur Fonseca admite que quase ninguém se interessa pela sua colecção. Nem os filhos, nem os netos com idades entre os 11 e os 23 anos lhe dão valor. A esposa, Maria dos Prazeres Fonseca, conta que no início achou piada à colecção, mas houve alturas em que quase se chateou pois o marido dava mais atenção aos objectos do que a ela.

Mais de meio século a trabalhar o bunho

Artur Fonseca é bem conhecido em Santarém. Entre os 10 e os 22 anos distribuía pão pela cidade. Mais tarde começou a dedicar-se à arte de tanheiro, nome que se dá a quem trabalha a fibra vegetal bunho. Dedicou-se a essa actividade durante 49 anos e, mesmo depois de reformado, continua esta arte por carolice e muito amor. “Parece que tenho o vício nas mãos”, conta. Também nesta área lamenta a falta de vontade dos jovens em dar continuidade a esta actividade.

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