Sociedade | 22-01-2020 07:00

Vive em condições desumanas no oratório da Póvoa de Santa Iria

Vive em condições desumanas no oratório da Póvoa de Santa Iria

Fez de uma construção quinhentista em ruínas a sua casa e sobrevive com a ajuda da população. Câmara de Vila Franca de Xira acompanha o caso, que está entregue ao tribunal e Segurança Social.

Chama-se Marcos mas todos o conhecem por ‘Pena’. Tem 37 anos, é doente mental e pernoita no oratório de São Jerónimo, situado na Quinta da Piedade, Póvoa de Santa Iria. Já foi levado para hospitais mas volta sempre ao que resta do edifício quinhentista que lhe tem servido de casa.

‘Pena’ recebe uma baixa pensão por invalidez e vive sobretudo de doações da comunidade. Há quem lhe pague o pequeno almoço e lhe dê dinheiro para tabaco. O seu único vício, garante quem o conhece.

Durante o dia deixa o oratório para vaguear pelas ruas e corredores do Centro Comercial Serra Nova, onde recebe a caridade dos comerciantes. “Tenta-se ajudar com o que se pode. Uns dão-lhe comida, outros ajudam a vesti-lo e a calça-lo”, conta Paulo Jesus.

Sabe-se que cresceu em Vialonga, no seio de uma família numerosa, com mais quatro irmãos. Começou por pernoitar algumas vezes na rua, até não aceitar outro tecto que não o do oratório, onde dorme no chão debaixo de cobertores entre roupa, sapatos e outros objectos amontoados. A Câmara de Vila Franca de Xira diz que a situação “está devidamente sinalizada” e esclarece que o “processo está actualmente a ser acompanhado pela Segurança Social de Vila Franca de Xira, pelo tribunal e entidades na área da saúde”. Acrescenta que “estão a ser tomadas todas as diligências, em prol da melhoria das condições de vida deste cidadão”.

“Trata-se de um indivíduo com problemas de saúde mental, que tem neste momento o estatuto de “Maior Acompanhado”, decretado pelo tribunal. Significa isto que existem neste caso familiares directos com responsabilidades legais atribuídas relativamente ao seu acompanhamento”, acrescenta o município.

Moradores inconformados pedem solução

Quem não se conforma com aquele cenário de miséria e insalubridade são os moradores da Quinta da Piedade, apesar de saberem que a vontade de ‘Pena’ é permanecer ali. Numa tentativa de busca por uma solução, vários populares partilharam nas últimas semanas, nas redes sociais, um alerta para o caso, com o objectivo de encontrar formas de ajudar a melhorar a vida do sem-abrigo.

Nas deslocações que O MIRANTE fez à Quinta da Piedade não conseguiu encontrar ‘Pena’. “Ele sai cedo do sítio onde dorme e depois anda por aí”, começou por comentar o morador José Pires. Depois garantiu: “Mas não faz mal a ninguém. É mais educado que muita gente”.

A sua presença no bairro nunca causou problemas, mas é motivo de incómodo para quem passeia com os seus filhos na Quinta da Piedade. “Há crianças a brincar aqui e a sua presença gera alguma preocupação”, refere Madalena Cruz, sem grande alarmismo. “Deviam era ajudá-lo e tirá-lo dalí. Aquelas ruínas não são casa para ninguém”, remata.

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