Sociedade | 28-01-2020 12:30

Mulheres socialistas de Azambuja desafiam o poder dos homens na política

Mulheres socialistas de Azambuja desafiam o poder dos homens na política

Presidente de câmara, Luís de Sousa, de forma surpreendente, diz duvidar das intenções das mulheres socialistas ao criarem uma comissão política e não está sozinho nas critícas masculinas. Inês Louro diz que é uma luta contra a discriminação.

A lista candidata às eleições para o núcleo de mulheres socialistas de Azambuja, apresentou-se na sexta-feira, 17 de Janeiro, numa sessão pouco pacífica que fez estourar uma nova polémica, com o presidente do município, Luís de Sousa (PS), a assumir que não vê necessidade de ser criada esta nova estrutura partidária.

O autarca, que curiosamente tem tido desaguisados constantes com Inês Louro, que lidera esta lista, mostrou-se céptico quanto às vantagens que uma comissão concelhia só de mulheres pode trazer para o partido e admitiu ainda não ter percebido o seu propósito. “A inda ninguém me explicou o porquê de existir esta comissão. Já existe uma comissão política onde há uma integração das mulheres”, afirmou perante a perplexidade da plateia maioritariamente feminina.

Também Silvino Lúcio, presidente da concelhia do PS de Azambuja, durante o seu discurso de incentivo às mulheres socialistas, quis frisar que “já existe uma comissão política onde estão homens e mulheres”. E, em jeito de crítica, referiu que vai “propor a António Costa que se faça uma comissão política só com homens”.

Se para Luís de Sousa a finalidade desta nova concelhia se resume ao contributo que poderá dar para ajudar os candidatos do PS a vencer as próximas eleições autárquicas, para Inês Louro é “muito mais que isso”. Em declarações a O MIRANTE, a candidata à presidência da concelhia das mulheres socialistas de Azambuja defende que esta comissão “pretende continuar a lutar pelos direitos das mulheres” e por uma democracia paritária, lembrando que foram as mulheres socialistas que batalharam para conquistar uma representação de 40 por cento.

Ainda há muito caminho a trilhar pela igualdade

Considerando que ainda há muito caminho a trilhar até se conseguir igualar a representatividade de géneros na política, Inês Louro afirma a O MIRANTE que esta concelhia é “um mal necessário, porque homens e mulheres ainda não estão em pé de igualdade”, quer na sociedade quer na política. Para exemplificar diz que basta falar do aparelho partidário socialista naquele concelho: “Azambuja tem uma governação socialista há 30 anos, mas já teve uma presidente de câmara? Não, não teve. Já teve alguma mulher presidente da assembleia municipal? Não, não teve. E presidentes de junta? Eu sou a segunda”.

Inês Louro garante que não se trata de “feminismo, nem de exclusividade, mas de inclusão” e de trazer para a política “as mulheres que nunca tiveram coragem para se chegar à frente”. Exemplo disso, diz, são as 11 novas militantes do PS que vão integrar esse núcleo.

Recorde-se que a MS-ID Mulheres Socialistas, Igualdades e Direitos é uma estrutura consagrada nos estatutos do PS que já existe a nível nacional e distrital e que agora se começa a estender às concelhias. O objectivo geral, reafirmou Inês Louro, é “reforçar o papel das mulheres na vida interna do PS”, que por inerência reforça as “políticas de igualdade” e a “participação das mulheres numa acção política mobilizadora”.

As eleições estão marcadas para 31 de Janeiro, a mesma data em que será reeleito o presidente da concelhia de Azambuja do PS, Silvino Lúcio. Neste primeiro mandato a concelhia propõe-se a recrutar novas militantes, a reunir periodicamente, organizar debates, homenagear mulheres do concelho que se tenham destacado pela sua actividade solidária, associativa, profissional ou política e organizar campanhas de sensibilização sobre temas como a violência doméstica.

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