Sociedade | 20-06-2020 10:00

“Nem os pais são professores nem a casa é uma escola”

“Nem os pais são professores nem a casa é uma escola”

“Teledesafio em Tempos de Teletudo” foi o tema de uma conferência online em que os desafios do ensino à distância em tempos de pandemia estiveram em foco.

Nem os pais são professores nem a casa é uma escola por isso o ensino à distância está a dar sinal de que não pode continuar por muito mais tempo. Isso mesmo defendeu a presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Jardins-de-Infância, 1º e 2º Ciclos do Agrupamento de Escolas de Coruche, Maria do Castelo Paulo, durante o webinar Teledesafio em Tempos de Teletudo, que foi transmitido online a 5 de Junho.


Segundo Maria Paulo, nem os pais nem as crianças estão a aguentar com este sistema de “teletudo”. A presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação refere que as crianças neste momento só têm contacto com o professor cerca de 40 minutos semanais, não sendo o suficiente para os alunos. Garante também que os pais não têm a mesma capacidade para transmitir os conteúdos e isso faz com que as crianças percam o interesse em frequentar a escola. Fica a faltar ainda, admite, a figura do professor a quem as crianças devem obediência e apresentar os resultados dos trabalhos.


Também a presidente da Associação de Pais da Escola Secundária de Coruche, Mónica Tomaz, confessou que muitos alunos mais velhos têm sentido grandes dificuldades em comunicar com os professores sobretudo devido ao material tecnológico obsoleto que as escolas têm. “Não podemos ter equipamentos tecnológicos em casa e ter na escola dificuldades de acesso à Internet e computadores que não funcionam”, confessa. Mónica Tomaz diz ainda que os alunos sentem-se bastante angustiados, sobretudo os que pretendem ingressar no ensino superior, e frustrados por não poderem ter oportunidade de fazer a viagem de finalistas e por não terem um espaço em casa para o estudo.

“Não me apetece ligar a câmara ou ainda não fiz a maquilhagem”

Para a directora do Agrupamento de Escolas de Coruche, Isabel Cordeiro, o ensino à distância não é o melhor método mas será algo com que os alunos e professores vão ter de se debater por mais tempo. “Aquela parte de ‘Ó professora, não me apetece ligar a câmara ou ainda não fiz a maquilhagem’ não é a melhor situação”, admite a directora do Agrupamento de Escolas de Coruche. Ainda assim, Isabel Cordeiro faz um balanço positivo no concelho e adianta que os maiores desafios dos professores com a telescola foram a falta de tempo para que a escola se pudesse organizar e a falta de acesso aos equipamentos tecnológicos e acesso à internet por uma parte significativa dos alunos. O mesmo problema foi exposto pela directora pedagógica da Escola Profissional de Coruche, Isabel Fragoso, lembrando que muitos pais, sobretudo de alunos residentes fora do concelho, tiveram de pedir empréstimos para adquirir equipamentos tecnológicos para que os jovens pudessem prosseguir os estudos à distância. Reforça ainda que, apesar da escola apostar bastante na parte prática, por estarmos no final do ano lectivo, os alunos não ficaram tão prejudicados.


O presidente do município, Francisco Oliveira, destacou que neste momento há teletrabalho, telescola, só não existe o teletransporte. É nisso que a câmara tem trabalhado de forma a arranjar soluções para transportar os alunos das várias freguesias. O autarca admite ainda que este distanciamento social pode vir a afectar as crianças e questiona se as escolas terão condições de iniciar o próximo ano lectivo com normalidade.

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