O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), diz que o presidente da empresa pública Infraestruturas de Portugal (IP) não tem condições para continuar em funções e voltou a pedir o afastamento de António Laranjo, exortando-o a pedir a demissão ou a ser demitido pelo Governo.

A posição de Ricardo Gonçalves, tornada pública na segunda-feira, 3 de Agosto, surge na sequência de uma notícia do jornal Público onde se relata que a IP não seguiu nenhuma das três recomendações do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários para reduzir o risco de atravessamento na passagem de nível do Peso, onde nos últimos quatro anos ocorreram dois acidentes com vítimas mortais. “Isso é gravíssimo”, comenta o autarca.

Segundo o Público, em 2018 o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários sugeriu aumentar a temporização entre o aviso de chegada de um comboio e o momento em que as barreiras se fecham; colocar um guarda de passagem de nível para reforço da segurança; accionar um botão de alarme que faz parar os comboios sempre que houver obstáculos na via-férrea.

Em lugar de seguir essas recomendações, a IP optou por trabalhar com a Câmara de Santarém numa solução articulada que previa a realização de obras na estrada do Peso que dessem mais segurança ao tráfego de pesados nessa travessia.

Uma intervenção pensada após o primeiro desastre mortal, em Novembro de 2016, e que nunca chegaria a concretizar-se até á segunda ocorrência fatídica, em 20 de Abril de 2020. Em ambos os acidentes, em que morreram duas pessoas, estiveram envolvidos camiões que não conseguiram atravessar a Linha do Norte a tempo de evitar o embate de comboios.
Após o acidente de Abril de 2020, o tema voltou à ordem do dia e a IP tentou sacudir responsabilidades para cima da Câmara de Santarém devido ao arrastar do processo, o que foi desmentido com factos pelo presidente do município.

Ricardo Gonçalves voltou a acusar a IP de querer descartar responsabilidades para cima da autarquia, tal como já havia feito em Julho de 2019, quando exortou António Laranjo a reflectir sobre se tinha condições para continuar na liderança da IP por considerar a empresa pública incapaz de cumprir as suas obrigações.

Em causa, na altura estavam a reabertura da EN114 e a consolidação das encostas das Portas do Sol.