Sociedade | 15-08-2020 07:00

De empregado de limpeza a gerente de um restaurante com duas estrelas Michelin

De empregado de limpeza a gerente de um restaurante com duas estrelas Michelin
SOCIEDADE

Marco Braz diz que emigrou por não conseguir ter uma vida profissional estável.


Marco Braz, 32 anos, é um emigrante satisfeito que não pensa no regresso ao país. As modalidades de contrato de trabalho em Portugal não são apelativas uma vez que, habitualmente, são necessários três contratos até se fazer parte dos quadros de uma empresa.


“Em Inglaterra isso acontece ao fim de três meses e só somos despedidos por quebras significativas de rendimento”, afirma, para justificar a importância da estabilidade no desempenho da profissão.


A viver em Inglaterra há uma dezena de anos, Marco Braz admite que a adaptação foi muito dura. Começou por trabalhar como empregado de limpezas num hotel, sem falar ou compreender a língua.


“Chorei muito durante os primeiros meses”, desabafa. Mas a vontade de aprender e de dar um rumo novo à vida falou mais alto e, após um ano, iniciou o caminho que o levou a gerente de um restaurante com duas estrelas Michelin. Pelo meio lavou pratos, serviu mesas e ouviu muitos raspanetes. “O sucesso não se atinge sem sacrifícios”, frisa.


Natural da Chamusca, Marco Braz nunca gostou muito de estudar. Ainda na adolescência começou a trabalhar no campo a montar sistemas de rega mas a sazonalidade desse trabalho e os baixos ordenados levaram-no a querer mudar de vida. Em Inglaterra, diz, há uma excelente política de incentivo e motivação para o trabalho. Os ordenados são bons apesar do custo de vida ser superior ao de Portugal. E no final do ano é normal os patrões recompensarem financeiramente os trabalhadores pelo seu bom desempenho.


“A emigração fez de mim um homem”, foi a frase mais vezes proferida por Marco Braz durante a conversa com O MIRANTE, realizada via Skype. As saudades da terra, Vale de Cavalos, e dos amigos, sente-as diariamente e só as combate contando os dias que faltam para vir visitá-los, o que acontece, por norma, uma vez por ano.


Para sublinhar aquele sentimento, revela o que lhe acontece sempre que regressa às origens. “Quando estou a percorrer a estrada entre Alpiarça e Vale de Cavalos começo a chorar porque sinto o cheiro de quem está a chegar a casa e sabe que vai abraçar as pessoas que mais ama”.

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