Sociedade | 29-08-2020 07:00

Sem comunicações não há pessoas e empresas no interior do país

Sem comunicações não há pessoas e empresas no interior do país
REPORTAGEM COMPLETA

Presidente da Câmara do Sardoal, Miguel Borges, alertou ministra da Coesão Territorial para a pouca qualidade da rede móvel e Internet, realçando que sem comunicação o interior não consegue desenvolver-se.

Se queremos ter pessoas e empresários no interior do país temos que ter uma boa rede de comunicações móveis e são cada vez maiores as zonas cinzentas de rede móvel e acesso à Internet. Quem o diz é o presidente da Câmara do Sardoal, Miguel Borges, que na última reunião de câmara informou o restante executivo que escreveu à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, onde alerta para a falta de qualidade das comunicações no concelho. “O desenvolvimento da região fica seriamente comprometido e esta precisa de gente e de empresas que criem postos de trabalho e riqueza”, sublinhou Miguel Borges.

O autarca apela à sensibilidade da ministra com esperança que este processo possa ser analisado e resolvido até porque é uma preocupação antiga, que ganha especial relevo numa fase em que a pandemia veio reforçar a procura pelo interior do país. O presidente do município do Sardoal contou que um empresário da restauração do concelho lhe disse que há pessoas que não vão ao seu estabelecimento porque sabem que ali não se apanha rede de um determinado operador.

As empresas não podem trabalhar sem uma boa rede de comunicações móveis e o que se passa no Sardoal passa-se nos concelhos vizinhos. “Sei que está nas intenções do Governo dotar o interior de uma boa rede de comunicações móveis, mas o interior não pode esperar muito mais tempo. Para o interior ser perfeito tem que ter boas comunicações”, realçou, lembrando que já fez este pedido ao primeiro-ministro, António Costa, há cerca de um ano e que volta agora a apelar à ministra da Coesão Territorial. “É urgente criarmos uma ‘auto-estrada’ dos novos tempos das comunicações. Se assim não for estaremos a castrar um país que continua inclinado para o litoral”, concluiu.

Opinião

A Ministra do “Interior” Ana Abrunhosa e o futuro do território dos eucaliptos

Com ou sem ministério da Coesão Territorial, Portugal caminha para ser território deserto e terra riquíssima para a indústria da celulose.

O apelo de Miguel Borges para que a ministra da Coesão Territorial mostre trabalho serve de pressão política e é uma lição para os autarcas da Assembleia da República que também vivem no interior mas passam a vida a fazer negócios enquanto estão políticos.

A criação de um novo ministério e a sua descentralização é só propaganda política, neste caso bem à maneira dos socialistas. António Costa devia ter no Terreiro do Paço uma estátua aos mortos dos últimos incêndios, para que o país não esquecesse que no coração da terra lusa morreram recentemente mais de uma centena de pessoas a fugir do fogo por falta de comunicações, por vivermos na lei da selva e as plantações de eucaliptos, e outras, não respeitarem as faixas de protecção em torno das habitações, aglomerados e estradas.

A primeira medida que um ministério da Coesão Territorial devia tomar, e o primeiro trabalho de um ministro, devia ser deitar abaixo as árvores que estão em cima do alcatrão, e dotar todo o país de uma rede de comunicações ao nível dos bairros de Lisboa e Porto, onde se come e bebe o melhor que é produzido nas terras do interior e não é importado do Chile nem da China.

A ministra Ana Abrunhosa corre o risco de chegar ao final desta legislatura e ser a caricatura deste Governo de António Costa; porque é a que tem o trabalho mais fácil mas o seu ministério não tem meios, nem gente, nem poder político. Com ela e a política dos últimos governos, a câmara do Sardoal vai continuar a gastar mais de 10 por cento do orçamento municipal nos bombeiros municipais. E o país vai continuar a arder e a perder população para o litoral até ficar deserto e entregue às empresas de celulose.

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