Sociedade | 13-09-2020 12:30

Associações e movimentos cívicos reuniram em Santarém “por um Ribatejo melhor”

Associações e movimentos cívicos reuniram em Santarém “por um Ribatejo melhor”
SOCIEDADE

Encontro juntou cidadãos e membros de movimentos e associações de defesa dos direitos dos animais, de luta contra a poluição e pela cidadania. O objectivo foi identificar problemas e elaborar, em conjunto, propostas de resolução dos mesmos.

Cerca de quatro dezenas de pessoas juntaram-se na tarde de domingo, 6 de Setembro, no Jardim da República em Santarém, para participar na primeira edição do encontro “por um Ribatejo melhor”. Entre os presentes estavam cidadãos anónimos e representantes de associações e movimentos cívicos. Da defesa dos direitos dos animais, à luta contra a poluição, passando pela cidadania e questões sociais, o evento foi uma assembleia aberta à participação de todos.

Ricardo e Joana Rodrigues, do movimento SOS Alcanena, fizeram a primeira intervenção que se focou na urgência de averiguar qual o nível de contaminação dos solos de Alcanena, terra que, dizem em tom desanimado, tem um “microclima especial” que torna as pessoas inoperantes. Os activistas questionaram os colegas de outros movimentos e associações sobre a dificuldade de fazer chegar queixas aos municípios e adiantaram que a próxima acção do SOS Alcanena será fazer chegar uma queixa às entidades europeias.

José Gabriel, da CLAPA - Comissão de Luta Antipoluição do Alviela, realçou que as associações não estão entrincheiradas contra os autarcas e têm que saber trabalhar em conjunto. Além da despoluição do Alviela, pela qual a CLAPA luta desde 1976, é preciso fazer a despoluição da democracia, diz. Para o activista, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) inspecciona “quando dá jeito” e é com tristeza que constata que as leis estão todas no papel mas não são cumpridas. Refere ainda que muito se fala do Tejo, mas não se pode esquecer os seus afluentes.

António Costa, do movimento Ar Puro de Rio Maior, criado em 2010, concorda com José Gabriel e diz que se a constituição fosse respeitada não havia necessidade de manifestações. De voz alterada, refere que a percepção generalizada é de que a natureza é um entrave para a organização produtiva e económica actual.

Em defesa do bem-estar animal estiveram os movimentos cívicos PATAV – Plataforma Anti Transporte de Animais Vivos; Santarém Sem Touradas, representado por um dos organizadores do evento, Francisco Cordeiro; e o Quebra a Corrente – Movimento de Libertação de Cães Acorrentados.

A cidadania e as questões sociais foram levantadas por Eduardo Jorge, do movimento Nós Tetraplégicos, que não falou de deficiência mas sim sobre a necessidade de rever os apoios aos idosos. Manuela Marques, de Santarém, apresentou o projecto No Coração da Cidade e realçou que o objectivo é fazer cidadania e pedagogia. Colocar as pessoas a falar sobre os assuntos no local certo e não apenas na mesa do café, e agir em acções concretas, como na limpeza de espaços públicos.

Políticos fazem parte da solução

Embora presente a nível pessoal e não como deputada eleita pelo Bloco de Esquerda, Fabíola Cardoso realçou que os políticos não são os inimigos. Fazem parte da solução e é necessário fazer pontes entre associações, municípios, União Europeia e demais organismos. “É necessário envolver mais gente, fortalecermo-nos e criar uma rede”, referiu, lembrando que enquanto professora de ciências sempre ensinou aos alunos que a Terra é um sistema no qual somos uma peça ligada a todas as outras. “Essa é a força do associativismo”, conclui realçando que o seu associativismo foi a luta pelo movimento gay e lésbico em Portugal e em Santarém.

Foram convidadas a expor os seus trabalhos de pintura e ilustração as artistas locais Filipa Carmo e Mariana Campos (foto de capa). Na vertente musical, Tiago Fernandes animou o encontro com a interpretação de dois temas; “Caldeirada da Poluição”, de Alberto Janes, e “Lágrima de Preta”, de António Gedeão, embora o tema do racismo não tenha sido falado no encontro.

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