Estão a desaparecer os barbeiros tradicionais. João Lino é o último na Chamusca
João Lino vai completar 80 anos em Março do próximo ano. A energia não é a mesma de outros tempos, no entanto, afirma que vai continuar a trabalhar até que a morte lhe estrague os planos.
O olhar desconfiado de João Lino quando O MIRANTE bateu à porta da sua barbearia, na Chamusca, antecipava as palavras que se seguiram: “Estou cheio até ao final do dia. Tem de voltar mais tarde”. Depois de perceber o motivo da inesperada visita, convidou o repórter a entrar e, em jeito de brincadeira, ofereceu-lhe duas edições de O MIRANTE para se entreter enquanto aguardava pela sua atenção.
Aos 79 anos, João Lino, é o último dos antigos barbeiros da Chamusca. O Álvaro “Chané” e o Fernando “Barbeiro” já morreram mas nunca foram seus concorrentes. Cada um tinha o seu estilo e as diferenças respeitavam-se, diz. As portas da barbearia Lino, situada na Rua Direita de São Pedro, abriram há 58 anos. Começou como aprendiz de outros barbeiros tradicionais, como o senhor Cegonho e o senhor Nogueira, mas rapidamente assumiu o posto de patrão assim que reprovou na inspecção militar por ser magro demais.
* Reportagem desenvolvida na edição semanal em papel desta quinta-feira, 17 de Setembro