Sociedade | 30-09-2020 18:00

Comerciantes de VFX queriam a Feira de Outubro nem que fosse noutros moldes

Comerciantes de VFX queriam a Feira de Outubro nem que fosse noutros moldes
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As opiniões divergem mas a Câmara de Vila Franca de Xira optou por cancelar o evento que em Outubro enchia a cidade de gente. Decisão é contestada pela oposição e pela maioria dos comerciantes ouvidos por O MIRANTE.

O cancelamento da Feira de Outubro e do Salão de Artesanato, em Vila Franca de Xira, devido à situação de contingência em que o país se encontra, foi uma decisão difícil de tomar, disse o presidente do município, Alberto Mesquita. Mas mais difícil ainda de ouvir para os comerciantes da cidade que esperavam por Outubro para reequilibrar a facturação que tem sofrido um rombo contínuo desde o início da pandemia de Covid-19. O MIRANTE ouviu perto de uma dezena de comerciantes e quase todos defendem o mesmo: a feira devia acontecer, nem que fosse noutros moldes.

Um dos defensores é João Pedrosa, proprietário da Pastelaria Chave d’Ouro, que esperava pelos dez dias de feira onde, no mínimo, todos os anos duplicava a facturação. “O que facturo não tem dado nem para pagar as despesas e a feira ia ajudar-me a sobreviver. Se fosse feita noutros moldes, as próprias pessoas iriam ter cuidado com os riscos”, diz.

Na conferência onde fez o anúncio, Alberto Mesquita não avança números sobre o impacto que este cancelamento vai implicar, mas reconhece que além da perda de oportunidade de negócio para os feirantes e artesãos “a economia local naturalmente também se vai ressentir”.

Habituada a ter casa cheia durante as largadas de toiros na Feira de Outubro, Alice Clemente, do restaurante Tasca da Vila, diz não compreender o porquê do cancelamento, lamentando que a autarquia não tenha pensado em “alternativas” para manter o evento. “Era uma lufada de ar fresco para a economia dos comerciantes da cidade e bem que precisávamos dela. Tenho contas para pagar e a casa vazia”, diz a O MIRANTE. “Vivemos uma fase tão difícil e a feira vinha ajudar-nos a recuperar”, acrescenta João Ferreira, do café e restaurante Flor da Lezíria, que pela altura da feira via a facturação aumentar na ordem dos 40 por cento.

Dos comerciantes que ouvimos, os do sector da restauração são os que mostram mais preocupação com o impacto negativo deste cancelamento que também vai atingir outros sectores, garante António Barbosa, da drogaria Victor e Fernando. “Todas as festas populares influenciam positivamente e, no nosso caso, na primeira semana de Outubro as vendas cresciam 80 por cento, porque havia mais gente nas ruas”, sustenta. E mesmo sabendo que de nada vale, dá ideias: “Fazia-se ao ar livre e criavam-se circuitos para evitar cruzamentos. Era possível, mas acho que houve um receio excessivo e o não querer ter essa responsabilidade”.

Fernando Clemente e Isabel Clemente foram os únicos com quem falámos a concordar a 100 por cento com a decisão tomada pelo município, considerando que o mais importante é proteger a saúde das pessoas e, assim, evitar um novo encerramento dos estabelecimentos. Além disso, dizem que como o seu restaurante Cancela do Cais fica do lado de lá da linha de comboio, junto ao Tejo, a feira não aquecia nem arrefecia o negócio. “Se estivéssemos à espera da feira para viver estávamos bem tramados”, diz Fernando Clemente.

O presidente do município explicou que esteve “até ao limite a avaliar a possibilidade de concretização da feira”, mas que por ser um evento com características únicas não podem ser alteradas e substituídas por outras que poderiam não dar a dignidade ao evento. Destacando que o que está em primeiro lugar é a saúde de todos, acrescentou que quando a pandemia passar, Vila Franca de Xira voltará a ter eventos de grande dinamismo, esperando ter de volta o Colete Encarnado e a Feira de Outubro em 2021.

CDU diz que deviam ter sido encontradas soluções

A CDU de Vila Franca de Xira manifestou-se em comunicado contra a decisão do cancelamento por considerar que “à câmara municipal caberia o papel de encontrar novas formas, forças e determinação para avançar” com o evento “cumprindo todas as regras definidas e adaptando à nova realidade”. Os comunistas dizem que “a decisão é um erro que significa um rombo na actividade económica e na vida concreta de centenas de pessoas” e que “não defende a componente cultural e de tradição fundamental à vida social”.

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