Sociedade | 21-01-2021 07:00

Comentário nas redes sociais de técnica do Hospital de Santarém desaparece e obriga a comunicado

Comentário nas redes sociais de técnica do Hospital de Santarém desaparece e obriga a comunicado
SOCIEDADE

Técnica de farmácia falava numa publicação no Facebook em falta de camas e de cadeiras de rodas e em infecções por Covid-19 nas urgências.

A publicação por O MIRANTE de um comentário de uma técnica de farmácia do Hospital de Santarém, no Facebook, sobre as condições do hospital face à Covid-19, levou a que a publicação original desaparecesse da rede social. E fez ainda com que a administração emitisse um comunicado a dizer que Felicidade Cardoso não tem o cabal conhecimento da situação e escreveu “várias incongruências e informações falsas”.

No comentário no Facebook, que o jornal reproduziu na rúbrica “Apanhados na Rede”, a técnica dizia que “as urgências gerais estão completamente cheias (…) as linhas telefónicas estão congestionadas, tal é a afluência de familiares a tentar saber alguma informação dos seus entes queridos”. Diz ainda que os corredores estão atolados de macas e camas cedidas por outros pisos e que também noutros anos as macas sempre faltaram, alegando ainda falta de cadeiras de rodas. Situação que o hospital desmente, dizendo que a profissional não sabe o que se passa porque desconhece os planos de contingência, não tem acesso às áreas Covid e desconhece as práticas clínicas utilizadas.

A administração hospitalar reconhece que a situação pandémica “implica uma sobrecarga sem precedentes sobre os serviços de saúde”, mas garante que não tem falta de cadeiras de rodas, nem de macas, nem de camas. O hospital sublinha que recentemente “foram doadas as excedentes a entidades de solidariedade social”. Acrescenta que o hospital investiu, desde o início da pandemia, cinco milhões de euros só para o tratamento de doentes Covid, entre equipamentos de protecção, testes, medicamentos e obras de adaptação das instalações.

O hospital diz ainda compreender que nestes tempos angustiantes, as pessoas sintam necessidade de desabafar e manifestar o seu medo e desconforto face a esta situação, mas ressalva que as informações veiculadas devem ser verdadeiras para não aumentar o pânico geral da população. A técnica dizia no post que nas urgências há infectados assintomáticos encostados a outros que não estavam infectados e que agora podem estar. Refere também que “os serviços farmacêuticos são informados em último lugar para criar, com um passo de magia, novos stocks e ‘inventar’ material não adquirido para guardar esses medicamentos”.

A administração realça ainda que a funcionária não sabe do que fala quando faz referência a médicos e enfermeiros especializados em ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorporal), que “terão menos tempo para descansar, menos tempo para processar as mortes sucessivas nas suas mãos”. Segundo a instituição, a técnica ECMO apenas é praticada nos Hospitais Centrais de Lisboa e Porto.

À margem

Comunicados em tempo de pandemia

O Hospital de Santarém esteve entregue durante cerca de 15 anos a um senhor chamado José Josué. Sou testemunha do seu pouco jeitinho para governar que atrasou obras e serviços médicos importantes no Hospital de Santarém que tem todas as condições para ser um dos melhores do país. Cito o caso da área da cardiologia, cujas doenças são das mais mortais no país; em Portugal só no Hospital de Santarém e da Guarda não existem serviços na área da angioplastia. A nota serve para trazer aqui a pertinência de um comunicado da actual administração do Hospital de Santarém (texto ao lado) a responder a um texto “dorido” de uma técnica de farmácia que desabafou nas redes sociais o seu lamento pela situação que o país atravessa causada pela pandemia e da crise que se vive no SNS. Numa altura em que os maiores especialistas contestam a política do Governo quanto às medidas do actual confinamento, e quase todos falam em catástrofe, é no mínimo estranho que a administração do Hospital esteja a escrever comunicados sobre publicações no Facebook que em nada ofendem dirigentes e profissionais de saúde. Antes pede respeito por eles e pelas vítimas da pandemia (ler texto completo pesquisando em O MIRANTE “apanhados na rede -Hospital-de-Santarem-em-tempo-de-covid).

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