Sociedade | 26-01-2021 07:00

Pandemia aumentou a procura de brinquedos sexuais

Pandemia aumentou a procura de brinquedos sexuais
SOCIEDADE

Afrodisíacos, vibradores e estimuladores sexuais são os produtos mais procurados pelos ribatejanos nas sex shops da região.

A pandemia obrigou a mudar hábitos em todos os sectores da sociedade e na forma como nos relacionamos e o sexo não foge à regra: com o confinamento obrigatório e longos períodos de isolamento alteraram-se comportamentos sexuais tanto em casados como em solteiros.

A avaliar pelo estudo “Na cama dos portugueses”, da autoria de José Borralho e citado recentemente pela revista Sábado, registou-se um aumento da procura por brinquedos sexuais e brinquedos eróticos nas sex shops portuguesas. O motivo, diz o autor, explica-se de duas formas: por um lado há casais a viver em cenário de coabitação que quiseram explorar novas fronteiras sexuais; por outro, há solteiros em isolamento com vontade de satisfazer o desejo sexual. As tendências, diz o estudo, não são de agora, apenas se acentuaram com a pandemia.

A propósito do Dia Internacional do Fetiche, celebrado na terceira sexta-feira do ano, desde 2009, com o objectivo de divulgar e apoiar a comunidade fetiche, assim como encorajar as pessoas a serem mais abertas sobre a sua sexualidade, O MIRANTE questionou as proprietárias da Koisas Dadultos, no Forte da Casa, e da Love Shop, em Santarém, sobre os hábitos sexuais dos ribatejanos.

Fátima Martins, empresária e directora executiva da marca Koisas Dadultos, confirma a O MIRANTE que, nas 11 lojas da marca, na Grande Lisboa, Setúbal e Caldas da Rainha, as vendas aumentaram com o início da pandemia. Na loja do Forte da Casa, concelho de Vila Franca de Xira, por exemplo, os produtos mais procurados pelos homens são os afrodisíacos e pelas mulheres os vibradores e estimuladores, em creme. Houve também um aumento na procura de alguns artigos de bondage e soft-bondage (prática sexual na qual um dos parceiros está amarrado) como algemas, para apimentar a relação.

Para a empresária, durante o confinamento os produtos das sex shops deviam ser considerados de primeira necessidade. “O casal está em casa, não pode ir a um restaurante, não pode ir a um bar, não pode ir a lado nenhum. Os brinquedos sexuais acabam por aproximar o casal. Têm benefícios ao nível da saúde porque quando há um orgasmo há uma descompressão muito grande de tensão nervosa e acaba por ajudar a acalmar e relaxar. Se a pessoa estiver bem na área sexual também estará bem nas outras áreas”, garante.

Fátima acrescenta que com o confinamento pouco mais há a fazer, sendo a altura ideal para “aprofundar a nossa sexualidade, para nos conhecermos melhor e para conseguirmos dar mais prazer ao nosso parceiro e recebermos também mais prazer, o que fortalece a relação e nos deixa emocionalmente mais estáveis e mais felizes”.

“Isto não é propriamente um negócio onde o amigo recomenda”

Susana Abreu, proprietária da Love Shop, a única sex shop de Santarém, vê benefícios na utilização de brinquedos sexuais, mas compreende que não sejam incluídos na lista de bens de primeira necessidade em tempos de confinamento. Afinal, refere, “isso seria um pensamento egoísta para com quem passa fome”.

“Não é um bem de primeira necessidade, nem pouco mais ou menos, mas é um bem que faz cada vez mais falta para manter os casamentos, as relações e a actividade sexual”, diz. “Se a loja estivesse aberta ajudava as pessoas a ficar em casa, dizia-lhes ‘comprem e vão para casa experimentar’”, graceja. Na Love Shop os homens procuram sobretudo potenciadores e as mulheres vibradores, lubrificantes e estimulantes.

Na loja que Susana abriu há 12 anos, na Rua Vale de Salmeirim, aumentou a clientela e surgiram até clientes novos, mas quem aparece de novo não vem recomendado pelos clientes habituais. “Isto não é propriamente um negócio onde o amigo recomenda. Acaba por ser muito privado, não é como comprar uma camisola. Ninguém compra um vibrador e diz ‘olha é fixe, dá-me prazer, se quiseres um igual vai à loja x’. Tem que haver muita publicidade e as redes sociais têm aqui um papel importante”, assegura a proprietária.

Tal como a Koisas Dadultos, a Love Shop tem vendas online, mas o maior volume de negócios continua a ser presencial. “As pessoas gostam de ver os artigos, de tirar dúvidas sobre os materiais e o seu funcionamento e apreciam dois dedos de conversa”, confessa Susana.

Fátima reforça que os clientes gostam de perguntar sobre o funcionamento dos produtos e mesmo que não o façam os assistentes de loja explicam na mesma. O serviço diferenciado é o que distingue a Koisas Dadultos das restantes lojas da especialidade, garante a proprietária. A própria apresentação da loja marcou, em 2006, uma nova tendência. “Era um espaço ‘clean’, como uma loja de lingerie normal, numa altura em que as sex shops eram escuras e ‘underground’. Desde o primeiro dia tivemos muitas mulheres e muitos casais como clientes”.

A 25 de Janeiro Fátima planeava abrir a Koisas Dadultos em Santarém, na Praceta Eduardo Rosa Mendes. Estava tudo programado mas o novo confinamento veio alterar os planos. Enquanto as lojas continuam fechadas as vendas fazem-se online, tanto na Love Shop como na Koisas Dadultos.

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