Sociedade | 06-02-2021 15:00

“A pandemia também nos traz ensinamentos e não podemos perder a fé”

“A pandemia também nos traz ensinamentos e não podemos perder a fé”
SOCIEDADE

Igreja Evangélica Catedral Mundial da Esperança tem locais de culto em Santarém e Vila Franca de Xira.

A Igreja Evangélica Catedral Mundial da Esperança, nascida no Brasil, está em Santarém há perto de 10 anos e tem cerca de meia centena de fiéis. Valentim Mendes, o pastor, explica a O MIRANTE que algumas pessoas afastaram-se do culto por causa da pandemia mas a igreja esteve sempre presente e disponível.

Com o novo confinamento os fiéis deixaram de ir à oração que se realiza às quartas-feiras mas, com todas as distâncias de segurança asseguradas, continuam a frequentar a igreja ao domingo. Às segundas-feiras, ao fim do dia, funciona um curso teológico e os alunos continuam a frequentá-lo.

Na sala onde funciona a igreja, na Avenida António dos Santos, perto do centro comercial da cidade, há espaço suficiente para que os fiéis possam assistir ao culto com as distâncias de segurança.

Valentim Mendes considera que é nos piores momentos, como o que atravessamos com o aumento de número de casos e de mortes derivados da Covid-19, que as pessoas se agarram mais a Deus e à fé. “As pessoas vêm à nossa igreja em busca de esperança, de uma palavra de conforto. Estão mais sensíveis e mais carentes porque não nos podemos abraçar e, enquanto povo, é das provações mais difíceis pelas quais estamos a passar”, sublinha. “Tudo isto vem ensinar-nos alguma coisa. Acreditamos que Deus tem um propósito maior para nós por isso não podemos perder a fé”, realça.

Valentim Mendes, e a sua esposa Rogéria Mendes, têm sentido um aumento no pedido de ajudas da chamada pobreza envergonhada. “Se alguém pedir não negamos ajuda, seja membro da nossa igreja ou não. Quem pode, traz comida que vamos juntando e sempre que é preciso oferecemos a quem necessita. As pessoas têm vergonha de pedir mas já temos ajudado várias pessoas que estão numa situação mais vulnerável”, explicam.

Valentim Mendes é natural de Portimão (Algarve) e veio para Santarém quando lhe surgiu uma oportunidade de trabalho na cidade. Começou a frequentar a Igreja Evangélica Catedral Mundial da Esperança e acabou por tirar o curso teológico da igreja durante quatro anos por ter sentido “um chamamento de Deus”.

Em Vila Franca de Xira a “Catedral da Esperança” fica à beira da estrada

Só com Deus se consegue obter a paz de espírito de que se necessita para viver um dia-a-dia na plenitude. A convicção é do pastor João Batista Chaves, que lidera desde 2005 a igreja evangélica Catedral da Esperança de Vila Franca de Xira.

Situada numa loja da Rua Luís de Camões em Vila Franca de Xira, a igreja evangélica Catedral da Esperança é simples e sem grandes adereços. Não há representações gráficas de Cristo ou Deus, há ventoinhas nas paredes para arrefecer o espaço no Verão e no centro um palanque translúcido com rosas e água benta. À frente está uma mesa com uma toalha branca a servir de altar.

No ar paira um cheiro adocicado e a um canto da sala está o “Ministério do Louvor”: instrumentos musicais - bateria, guitarras e órgão – de onde saem melodias para se cantar graças a Deus.

Esta é uma das várias congregações de fé existentes em Vila Franca de Xira e abriu portas há 18 anos. Na sua liderança está João Batista Chaves. É natural do estado do Espírito Santo, no Brasil, a pouco mais de 500 quilómetros do Rio de Janeiro, mas vive na cidade ribatejana há 18 anos e já tem cidadania portuguesa. Apaixonou-se de tal ordem por Vila Franca de Xira que já não pensa sair.

O culto já teve mais de uma centena de fiéis, mas actualmente são pouco mais de 60 devido à pandemia. As missas presenciais foram reduzidas a duas dezenas de presenças devido à lotação máxima permitida e têm sido feitas transmissões online para quem não pode sair de casa.

Uma das diferenças face à Igreja Católica é o facto dos pastores e sacerdotes poderem casar e ter vida familiar. “O casamento é uma instituição divina. Deus quando criou Adão não quis que ele ficasse só e deu-lhe uma companheira. Queremos que o casamento seja uma bênção na vida e não um problema”, conta João Chaves a O MIRANTE. Ele próprio é casado e tem quatro filhos.

Na igreja as doações não são obrigatórias e cada um dá o que pode. Mas o pastor lembra que o funcionamento da igreja tem custos – como a renda do espaço que ronda os 800 euros mensais. A Catedral da Esperança também dá ajuda a quem precisa. pontualmente, embora não tenha um programa de apoio alimentar propriamente dito.

A porta da igreja está sempre aberta a quem quiser entrar e a cidade, garante, tem olhado com respeito e compreensão a sua actividade. “O que se passa é muito bonito. É importante todas as crenças se respeitarem mutuamente. Cada um tem a sua fé e ela deve ser respeitada”, defende.

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