Sociedade | 02-03-2021 07:00

Associação Empresarial de Rio Maior não poupa nas criticas ao Governo e à autarquia

Associação Empresarial de Rio Maior não poupa nas criticas ao Governo e à autarquia
ECONOMIA
Sérgio Ferreira

Sérgio Ferreira vai recandidatar-se à presidência da AECRM. Pandemia limitou os habituais contactos regulares com a maioria dos associados.

A Associação Empresarial do Concelho de Rio Maior (AECRM) critica atrasos na concretização de apoios destinados às empresas e os montantes dos apoios.

O presidente da Associação Empresarial do Concelho de Rio Maior (AECRM), Sérgio Ferreira, vai recandidatar-se ao cargo e deverá ter a acompanhá-lo a equipa com quem trabalhou nos últimos três anos.

“Em virtude de vários desafios que foram surgindo, em parte resultantes da pandemia Covid-19, não conseguimos cumprir todo o plano que tínhamos traçado para este mandato. Para além da actual situação pandémica, outros contratempos e situações difíceis de gerir ocuparam boa parte de tempo e recursos a esta associação. Desafios estes que atestaram o empenho e espírito de sacrifício da minha equipa, que se mostrou sempre disponível, até nos momentos mais difíceis. É com esta união de esforços que, acredito que ‘levaremos o barco a bom porto, nesta viagem que tem sido desafiante, com altos e baixos, ora não fosse assim mesmo o associativismo”, afirma.

Ainda assim, destaco bastante progresso, relativamente ao que nos dispomos a fazer para o mandato, com a consolidação de contas da associação e melhoria nos serviços prestados a associados, algo que era necessário fazer e estava pendente de anos anteriores. Após dados esses passos, é-nos mais fácil olhar para um futuro mais promissor”, acrescenta.

Os condicionalismos da actual situação afectaram o relacionamento habitual entre a associação e os associados, até porque o recurso a reuniões online não substitui o contacto presencial. “Neste último ano não pudemos reunir com os nossos associados mensalmente como fizemos durante os dois anos anteriores e também não pudemos contactar, de uma forma mais pessoal, com muitos deles. Além disso, embora nos tenhamos equipado com bons meios digitais, nem todos os associados têm capacidade/disponibilidade para uma eficaz utilização dos canais digitais. Isso tem prejudicado um pouco o nosso trabalho”, destaca.

O presidente da Associação Empresarial do Concelho de Rio Maior diz que, a partir dos contactos que vai fazendo, pode concluir que a maior parte dos empresários de Rio Maior se sente algo abandonada pelo Governo e afastada do acesso às várias linhas de apoio anunciadas.

E Sérgio Ferreira dá exemplos. “Foi lançado o +COESO para criação de postos de trabalho financiados, em Agosto de 2020, com prazo de resposta até Outubro do mesmo ano, e algumas das candidaturas ainda não receberam resposta até hoje. E há linhas de crédito que só servem para endividar mais as empresas e não existem ajudas mais abrangentes; mais focadas nas reais necessidades do tecido empresarial”, sublinha. A incompreensão por parte dos empresários em relação às medidas de apoio do Estado também se baseia no facto dos apoios disponibilizados serem insuficientes. “Se uma empresa fechar portas (ao abrigo do confinamento obrigatório) e tiver dívidas ao Estado este não vai deixar de cobrar os 100% dessa dívida. Daí não ser compreensível que o Governo mande encerrar (temporariamente) a actividade de empresas, mas continue a fazer cobrança de impostos na sua totalidade, pese embora, as moratórias e suspensões de pagamento casuísticas, é um Governo que apresenta meias soluções para restrições por si impostas a tempo inteiro! Denota-se clara falta de planeamento, o que torna difícil ao empresário compreender a ideia de que é preciso repartir sacrifícios por todos, visto que parece recair sempre sobre os mesmos”, reforça.

O dirigente associativo compreende que o Governo não tenha a capacidade de ouvir todas as associações empresariais do país, mas lamenta que, no caso de Rio Maior, não sejam tidas em conta as propostas da AECRM. “Nós lidamos de perto com os problemas das empresas. Temos um conhecimento próximo da realidade empresarial localmente e poderíamos ajudar a melhor identificar as medidas que mais se ajustariam a cada realidade, de forma a ajudar a manter saudável o tecido empresarial e consequentes postos de trabalho”, adianta.

Sérgio Ferreira diz que a Câmara Municipal de Rio Maior também não tem contactado a Associação para qualquer acção, opinião ou procedimento para aliviar as empresas locais, nem para outras matérias relevantes para o sector empresarial e espera que a situação se altere.

“Penso que, em parte, decisões tomadas em sede de Assembleia-Geral na AECRM sobre a Escola Profissional de Rio Maior terão provocado algum mal-estar. Questões essas que têm que ser resolvidas com diálogo e com as partes sentadas à mesa e não de costas voltadas”, diz.

Sobre o futuro desenvolvimento empresarial em Rio Maior, considera que terá que passar pela melhoria do funcionamento do parque de negócios local. “Tanto do novo parque de negócios como a antiga Zona Industrial têm estado aquém das expectativas inicialmente traçadas. Infelizmente nos últimos anos uma fraca prestação por parte da antiga direcção executiva da Depomor (empresa que gere o Parque de Negócios de Rio Maior), que deixou a empresa numa situação bastante frágil financeiramente, o que, consequentemente, levanta sérios problemas de sustentabilidade futura, quer para o próprio parque empresarial, quer para o desenvolvimento da cidade e do concelho. O futuro, creio, passa por um Parque de Negócios consolidado, com participação de parte pública e privada local, por forma a salvaguardar melhor desígnio estratégico para o sector empresarial local atraindo empresas de maior dimensão que façam negócios com as empresas locais já existentes e representem aumento de postos de trabalho”, considera.

O mesmo se poderá dizer sobre o futuro da EPRM, da qual esta associação também é sócia, que somente com uma solução em torno da alteração de capital acionista resultante na representação maioritária por parte de empresas do concelho se alcançará a continuidade da formação de excelência de quadros qualificados, que o sector empresarial de Rio Maior tanto necessita. Caso contrário, com maioria de capital público (neste caso 80% detidos pela CMRM) continuará em situação deficitária orçamental, visto não ter acesso integral aos fundos europeus de financiamento à sua actividade. Situação da qual temos lutado por alterar nos últimos 3 anos, embora sem sucesso, por não acordo das partes envolvidas”, conta. Segundo Sérgio Ferreira, no decorrer do actual mandato, o número de associados da AECRM aumentou cerca de 112 por cento nos primeiros dois anos do actual mandato, e 5% em 2020, e poderá continuar a aumentar se a associação reforçar o apoio que tem dado às empresas e continuar ao lado das mesmas como tem estado desde 1943.

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