Sociedade | 13-04-2021 14:29

Parlamento debate legislação que pode salvar dezenas de milhares de aves anualmente

Parlamento debate legislação que pode salvar dezenas de milhares de aves anualmente
foto DR

Captura, abate ou detenção de aves como o pintassilgo, tentilhão, pintarroxo, pisco-de-peito-ruivo e toutinegra-de-barrete-preto são práticas ilegais em Portugal, embora não sejam proibidos os meios para essas capturas, detenções ou abates.

O parlamento debate na quarta-feira, 14 de Abril, uma petição e dois projectos de lei que, caso sejam aprovados, proíbem o fabrico, posse e venda de armadilhas para aves e salvar dezenas de milhares por ano.

À petição #ArmadilhasNÃO, lançada pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e com mais de 4.000 assinaturas, juntam-se dois projectos de lei, do PAN e do grupo parlamentar Os Verdes, e ainda duas recomendações, do BE e do PSD, ao Governo também no sentido de serem tomadas medidas para proteger as aves silvestres não cinegéticas.

Os partidos lembram que a captura, abate ou detenção dessas aves são práticas ilegais em Portugal, embora não sejam proibidos os meios para essas capturas, detenções ou abates.

Por esse motivo a SPEA, na petição, pede aos deputados que tornem a protecção das aves mais eficaz, evitando assim a morte de 40 mil a 180 mil aves por ano. Joaquim Teodósio, coordenador do Departamento de Conservação Terrestre da SPEA, diz num comunicado da organização: “Esta quarta-feira, os deputados têm uma oportunidade para melhorar a lei, para que não seja preciso esperar até as aves serem mortas ou capturadas para responsabilizar os culpados”.
A associação estima que, apesar de as aves estarem protegidas pela lei nacional e europeia (Directiva Aves) há duas décadas, foram capturadas em Portugal 283 mil aves entre 2011 e 2017, quer para serem vendidas como animais de companhia, em gaiolas, quer para serem comidas como petisco.

E lembram que as armadilhas põem em risco as aves, mas também o equilíbrio dos ecossistemas, porque essas aves controlam pragas e são fundamentais para a saúde dos campos.

Na petição, os subscritores propõem que a Assembleia legisle no sentido de proibir o fabrico, posse e venda de armadilhas para capturar pequenos pássaros, de cola (visgo) para o mesmo fim, de armadilhas para aves maiores, como as de rapina, e de redes de captura de aves.

E que torne também proibida a apanha de formiga d´asa, que só tem como objectivo servir de isco para as armadilhas.
No mesmo sentido vai o projecto de lei do PAN, que cita a SPEA para dizer que espécies como pintassilgo, tentilhão, pintarroxo, pisco-de-peito-ruivo e toutinegra-de-barrete-preto são as espécies mais capturadas. E alerta que a captura dessas aves compromete a sobrevivência de outras espécies, como as rapinas.

Além de uma proibição nos mesmos moldes da sugerida na petição, o PAN prevê também coimas.
Os Verdes apresentam à discussão um projecto de lei similar, salientando também que actualmente não é proibido vender, fabricar ou comprar diversas armadilhas (incluindo o visgo ou as redes) para aves, espécies que são fundamentais para o controlo de pragas agrícolas.

Na proibição os Verdes abrem apenas uma excepção, se a captura tiver fins científicos. E as multas podem ir até 3.750 euros se for pessoa singular e 10.500 se for pessoa colectiva.

Sem projecto de lei, o BE recomenda ao Governo que tome medidas para proteger as aves, porque há hoje fácil acesso a formas de as capturar ou matar, aliado a uma “fiscalização ineficaz e ao desconhecimento generalizado da população sobre a ilegalidade do consumo e comercialização de aves selvagens”. E por esse motivo defende campanhas alargadas de sensibilização da população.

E o PSD apresenta um projecto de resolução no mesmo sentido de proibição das armadilhas, de protecção das aves e de reforço de medidas de monitorização, sensibilização e fiscalização, alertando para as centenas de aves que diariamente acabam em gaiolas ou em restaurantes e cafés sob a designação do petisco “passarinhos”.
O PSD refere também a importância crescente e com cada vez mais adeptos da prática de observação de aves, uma actividade que pode gerar receitas para as comunidades, pelo que a protecção das aves “é uma forma de valorização do território”.

E sugere que o Governo faça uma campanha de sensibilização ambiental, informado sobre as proibições existentes e com contactos para denúncias, intensificando ao mesmo tempo a fiscalização sobre o uso de armadilhas e outras técnicas para capturar aves.

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