A designer de 27 anos, que foi multada, no Cartaxo, por estar sozinha a comer uma sopa dentro do carro durante a pausa de almoço laboral recusa-se a pagar a coima e vai recorrer justificando a sua acção com a falta de condições de segurança desejadas para trabalhar e fazer as suas refeições durante a pandemia. Raquel Carvalho, que sofre de uma doença oncológica que entretanto a obrigou a ficar de baixa médica, diz a O MIRANTE que era habitual almoçar dentro do carro por se sentir mais segura, já que a empresa onde trabalha não lhe concedeu possibilidade de fazer tele-trabalho.

A jovem contestou a recusa da empresa de a deixar trabalhar a partir de casa e para que não estivesse no refeitório em contacto com outros funcionários apresentou-lhe como solução para trabalhar e tomar as refeições uma mesa entre a casa-de-banho e o refeitório. “Cheguei a comer ali, mas sentia-me mais segura no carro porque não tem sido fácil para mim lidar com a doença”, explica.

Raquel Carvalho foi multada em 200 euros pela Polícia de Segurança Pública (PSP) num parque de estacionamento no Cartaxo, a dois minutos da empresa onde trabalha, e de nada lhe valeu mostrar documentos e justificações. O agente da PSP que a autuou, por incumprimento do dever geral de recolhimento, disse ter recebido uma denúncia. “Tinha em minha posse a declaração a comprovar que estava em trabalho presencial e pensei que podia almoçar dentro do carro sem problema. Estava sozinha, no meu carro”, diz indignada.

A notificação da PSP, a que O MIRANTE teve acesso, refere que Raquel Carvalho se encontrava pelas 13h40 no interior da sua viatura e os agentes justificam que actuaram “em virtude de haver notícia de uma viatura estar estacionada com um indivíduo no seu interior”, o que comprova que Raquel Carvalho estava sozinha. Apesar da sua indignação a jovem diz que quem tem culpa do que considera ser uma injustiça não é a PSP, mas quem faz as leis.