Bullying deixa marcas para a vida
A exposição ao bullying é uma experiência traumática que não pode ser relativizada, alerta a psicóloga Helena Gonçalves.
Ana Santos escondia dos pais as marcas físicas e psicológicas. Chorava no quarto sozinha enquanto tentava adormecer com medo do que lhe podia acontecer ao voltar a entrar na escola. Era a mais baixa e gordinha da turma e foi esse o “motivo” para um grupo de raparigas a começarem a perseguir, insultar, ameaçar e agredir com violência quando tinha dez anos. Quatro anos depois abandonou a escola e hoje, aos 35 anos, ainda lhe custa recordar os episódios traumáticos que a tornaram numa mulher “mais fria e reservada”.
“A escola era um inferno, em vez de ser um lugar seguro e de aprendizagem. Não conseguia concentrar-me, vivia num medo constante. Há um dia em que uma delas vem ter comigo e começa a bater-me e a apertar o pescoço até deixar de conseguir respirar”. É assim que Ana Santos, residente no Forte da Casa, concelho de Vila Franca de Xira, descreve o período mais difícil da sua vida, ou seja, os quatro anos em que foi vítima de bullying sem que os seus educadores soubessem ou sem que quem sabia - professores, colegas e funcionários - fizessem algo para a libertar daquele sofrimento.
* Reportagem desenvolvida na edição semanal em papel desta quinta-feira, 10 de Junho