Sociedade | 16-06-2021 18:00

ETAR de Alcanena trata carga poluente equivalente a uma população de 400 mil habitantes

ETAR de Alcanena trata carga poluente equivalente a uma população de 400 mil habitantes
ECONOMIA
Isabel Pires é a directora geral da Aquanena, empresa municipal criada há cerca de dois anos

Estação de Tratamento de Águas Residuais dimensionada para suportar poluição da indústria dos curtumes.

A carga poluente que chega à ETAR de Alcanena corresponde ao consumo de cerca de 400 mil habitantes quando a população servida por esta Estação de Tratamento de Águas Residuais não chega a 10 mil habitantes. Esta disparidade deve-se ao facto de ter sido dimensionada para tratar também efluentes provenientes da indústria de curtumes. A informação foi dada pela directora geral da empresa municipal Aquanena, Isabel Pires, durante uma visita à ETAR de Alcanena que decorreu na manhã de sábado, 5 de Junho, Dia Mundial do Ambiente.

A Aquanena, criada há cerca de dois anos, costuma abrir as portas à população uma vez por semana para quem quiser ver como funciona a ETAR da vila. No entanto, a curiosidade não tem sido muita. No sábado apenas três pessoas se juntaram à visita dirigida por técnicos da empresa municipal. Dina Freire, 64 anos, é professora reformada. Fez várias visitas com os seus alunos à ETAR, mas nessa altura estava mais preocupada com os seus alunos. “Gosto de saber o que se passa na minha terra. Quando vinha não estava com muita atenção às explicações, por isso decidi aproveitar esta oportunidade para conhecer tudo com calma”, afirma a O MIRANTE.

Dina Freire recorda os tempos em que era impossível estar em Alcanena. Os maus cheiros entravam pelas casas e o ar tornava-se quase irrespirável. “Felizmente as coisas mudaram e nos últimos tempos não tem havido maus cheiros. Está tudo a melhorar”, acrescenta.

Nuno Baptista, 43 anos, outro dos visitantes, recorda-se dos anos em que o mau cheiro em Alcanena era tão intenso que os alunos tinham que voltar para casa e não tinham aulas. Hoje, diz que as coisas não estão perfeitas mas estão muito melhores. Maria João participou na visita porque gosta de conhecer a realidade da terra em que vive há vários anos.

A empresa municipal de águas e saneamento de Alcanena tem feito vários investimentos para eliminar os maus cheiros, que sempre provocaram protestos por parte da população. Isabel Pires explica que a ausência de odores nauseabundos deve-se ao investimento feito e à fiscalização regular às empresas de curtumes. “Temos amostradores em todas as empresas e temos equipas a fiscalizar. Os utilizadores devem garantir determinadas condições de funcionamento. Muitas empresas estão a cumprir as regras, outras estão em fase de melhorias. A nossa postura é de colaborar e ajudar a encontrar soluções. Ainda há um percurso a fazer mas estamos no bom caminho”, salienta Isabel Pires.

Investimentos de mais de 10 milhões na ETAR de Alcanena

A ETAR de Alcanena tem investimentos previstos na ordem dos 10,4 milhões de euros para melhorar o seu funcionamento. A primeira fase vai ser financiada em cerca de cinco milhões de euros. Foram já aprovados pela Aquanena alguns dos projectos de execução previstos no seu plano estratégico, nomeadamente: reabilitação das estações de monitorização; reabilitação da obra de elevação de cauda na entrada da ETAR; intervenção em três estações de monitorização nos três sistemas de emissários; cobertura dos tanques de homonegeização, entre outros.

Austra quer indemnização de mais de dois milhões de euros

A Câmara de Alcanena e a Austra (Associação de Utilizadores do Sistema de Tratamentos de Águas Residuais de Alcanena) aguardam uma decisão do Tribunal Arbitral de Lisboa sobre o pedido de indemnização em que a Austra exige do município 2,7 milhões de euros pelo resgate do contrato de concessão da gestão do sistema de tratamento de águas residuais. O contrato só terminava em 2024. A Austra geriu o sistema de tratamento de esgotos até Julho de 2019 quando este passou para a empresa municipal Aquanena.

A presidente da Câmara de Alcanena, Fernanda Asseiceira, explicou a O MIRANTE que o município devia ter colocado fim à concessão há mais tempo. “As associações de utilizadores não podem ser entidades gestoras, por isso a Austra não poderia desempenhar as funções que estava a desempenhar. A Aquanena reúne todos os requisitos para gerir o sistema de águas do concelho”, afirmou.

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