Sociedade | 24-07-2021 10:00

Cerca de 40% dos alimentos cultivados não são consumidos

Cerca de 40% dos alimentos cultivados não são consumidos
SOCIEDADE

Um relatório do Fundo Mundial para a Natureza estima que todos os anos são desperdiçados 2,5 milhões de toneladas de alimentos em todo o mundo, o que corresponde a cerca de 40% dos produtos cultivados.

Cerca de 40 por cento (%) dos produtos cultivados a nível mundial não são consumidos sendo o desperdício correspondente a 10% dos gases com efeito de estufa que provocam o aquecimento global, alerta o Fundo Mundial para a Natureza (WWF).

A produção de alimentos utiliza grandes quantidades de terreno, água e energia, o que provoca um aumento dos gases com efeito de estufa equivalente a quase o dobro das emissões anuais de todos os automóveis dos Estados Unidos e da Europa, refere o relatório do WWF.

Em termos absolutos, o relatório estima que todos os anos são desperdiçados 2.500 milhões de toneladas de alimentos, das quais 900 milhões nos estabelecimentos de venda e nas casas dos consumidores.

A responsável pela Iniciativa Mundial sobre a Perda de Desperdícios de Alimentos do WWF, Pete Pearson, assumiu que o documento mostra que o problema é provavelmente maior do que se imaginava.

Anteriormente, a organização ambientalista tinha calculado que a perda de alimentos correspondia à metade do que foi agora divulgado: 1.300 milhões de toneladas.

Segundo Pete Pearson, a crise sanitária agravou a tendência ao causar interrupções em grande escala nas cadeias de distribuição, forçando cancelamentos de contratos, fecho de restaurantes e deixando grandes quantidades de alimentos nas unidades de produção agrícola e que não foram consumidos.

Mais de 4,4 milhões de quilómetros quadrados de terreno e 760 quilómetros cúbicos de água utilizam-se para produzir 1.200 milhões de toneladas de comida que de desperdiçam no campo, durante e depois das colheitas, ou que são desviados para outros usos como a alimentação animal ou para a produção de biocombustíveis.

Segundo o WWF, estas quantidades equivalem a uma extensão maior do que o subcontinente indiano e um volume de água correspondente a 304 milhões de piscinas olímpicas.

O relatório indica que os países da Europa, América do Norte e Estados industrializados da Ásia contribuem com 58% destas perdas verificadas nas colheitas agrícolas mundiais.

Apesar do valor mais elevado das perdas ocorrer no meio agrícola, as políticas dos governos concentram-se na última fase da cadeia de distribuição (venda e consumo), crítica o WWF que pretende concentrar a gravidade do problema nos vendedores e nos consumidores.

O documento conclui que para se conseguir uma redução significativa, os governos e os mercados devem adoptar medidas para apoiar os agricultores de todo o mundo no sentido de atingir um compromisso com vista à redução do desperdício.

O responsável pelo WWF refere ainda que apesar de o estudo visar a produção agrícola e não os produtos de origem animal, é importante reduzir o consumo de carne, por questões relacionadas com a saúde dos consumidores e ambientais. Mesmo assim Pearson reconhece que em alguns países a redução do consumo de carne não é possível, pelo que, nesses casos, deve ser assegurado que a produção vem de sistemas sustentáveis.

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