Marginalidade e delinquência na Rua Pedro de Santarém
Furtos, tráfico e consumo de droga e prostituição são episódios que estão a transformar uma zona, outrora pacata, no centro de Santarém num barril de pólvora. Moradores e comerciantes queixam-se da falta de policiamento e de medidas assertivas que eliminem focos de delinquência e marginalidade.
Moradores e comerciantes da Rua Pedro de Santarém, no centro de Santarém, sentem-se inseguros numa zona que se tem transformado em local de prostituição, tráfico e consumo de droga, entre outros ilícitos. Há brigas entre toxicodependentes e assaltos a garagens. O cheiro a urina é constante ao longo das arcadas dos prédios. Foram feitas dezenas de queixas à câmara, sem resposta, e a PSP já não se dá ao trabalho de ir ao local quando há queixas de barulho, mas entretanto comunicou a situação ao Ministério Público que já ouviu moradores e comerciantes.
Na madrugada de sábado, 3 de Setembro, Rui António acordou com um estrondo enorme. Veio à rua ver o que se passava e constatou que o barulho foi originado por uma fuga de gás devido ao roubo de torneiras que afectaram as tubagens. Por causa disso os moradores do prédio na Rua Pedro de Santarém estiveram sem gás durante alguns dias e esta não foi a primeira vez que a situação aconteceu.
Rui António conta que os moradores e comerciantes têm receio do que se está a passar e aponta a máquina de comida e bebida, instalada há cerca de quatro anos junto dos prédios, como uma fonte de atracção de pessoas indesejáveis. “Não conseguimos dormir com sossego porque pessoas vêm para aí de noite, fazem barulho, partem montras e falam alto. Há pessoas sentadas à porta dos prédios e temos que pedir licença para entrar no nosso próprio prédio. Já houve cartas dos condomínios para a Câmara de Santarém mas a resposta é sempre a mesma, com o município a desvalorizar e descartar-se. O município tem que zelar pelo bem-estar dos cidadãos e fazer cumprir as regras junto das autoridades”, sublinha o professor que vive nessa rua há cerca de 30 anos.
Como O MIRANTE noticiou há três semanas os moradores e comerciantes sentem-se inseguros numa zona que se tem transformado num local de prostituição, tráfico e consumo de droga. Tânia Brilhante, que tem um cabeleireiro nas arcadas da Rua Pedro de Santarém há 14 anos, lamenta no que uma das principais artérias da cidade se transformou. “Há cada vez mais assaltos, tentativas de arrombamento a garagens, partem montras, deixam garrafas partidas no chão. Esta é uma das ruas com maior movimento, as entidades responsáveis deveriam ter um cuidado diferente”, critica.
Cerco de São Lázaro é refúgio de toxicodependentes e prostitutas
Segundo contam alguns moradores, as oficinas abandonadas no Cerco de São Lázaro, localizado nas imediações, começaram a ser ocupadas por toxicodependentes, prostitutas e pessoas sem-abrigo. É nesse largo que se nota maior actividade de tráfico. O MIRANTE esteve mais uma vez no local e pôde comprovar a sujidade, o cheiro intenso a urina e dejectos na zona das garagens. Foi também possível observar pessoas a entrarem para essas oficinas abandonadas.
Miguel Barata, proprietário de um café e pastelaria há 16 anos, lamenta o que se tem passado nos últimos tempos e o nível de insegurança a aumentar. O comerciante conta que, há cerca de uma semana, a sua filha, adolescente, foi jantar a um restaurante na rua e Miguel Barata não descansou enquanto ela não chegou a casa. José Domingos é proprietário do Talho Rafael há cerca de quatro anos. Muitas vezes chega de madrugada, por volta das quatro ou cinco horas, e não vê policiamento na rua, “nem em lado nenhum, mas vêem-se pessoas estranhas e de cariz duvidoso a fazer sabe-se lá o quê”.
Câmara pede mais polícias
O MIRANTE pediu um comentário ao presidente da Câmara de Santarém sobre as queixas de moradores e comerciantes da Rua Pedro de Santarém. Ricardo Gonçalves partilha das preocupações e considera que é necessário mais policiamento nas ruas para dissuadir a criminalidade e delinquência. O autarca acrescentou que teve uma reunião com a secretária de Estado da Administração Interna, Isabel Oneto, onde pediu o reforço do efectivo da PSP de Santarém.