Homenagear vítimas do acidente ferroviário da Póvoa de Santa Iria através da cultura
Projecto Pantógrafo da Associação Memória é Cultura apresentou os trabalhos dos primeiros jovens a candidatar-se e os dirigentes dizem que a ambição é manter o projecto vivo com atribuição de prémios no dia 5 de Maio, data do fatídico acontecimento em 1986.
Homenagear as vítimas do acidente ferroviário de 5 de Maio de 1986 na Póvoa de Santa Iria através de projectos artísticos criados por jovens do concelho de Vila Franca de Xira é o objectivo do programa Pantógrafo, promovido pela associação Memória é Cultura (MEC). Mais de 40 jovens do concelho estão envolvidos na primeira edição do programa, que foi apresentado publicamente na tarde de sábado, 23 de Setembro, no auditório da Sociedade Euterpe Alhandrense. Luís Janeiro, presidente da direcção da MEC, explica que a principal missão, além de homenagear as vítimas, é apoiar jovens criadores a mostrarem a sua arte tendo a associação como objectivo principal meter o ciclo Pantógrafo no calendário cultural regional.
“Vai sempre decorrer entre Setembro e Maio e nesse período os jovens desenvolvem o seu projecto artístico e criativo, sobre qualquer área artística - teatro, música, dança, artes plásticas, literatura - e no dia 5 de Maio de cada ano fazemos a atribuição dos prémios”, explica a O MIRANTE Luís Janeiro. A ajudar os jovens a desenvolver os seus projectos está um programa de mentoria com artistas com experiência.
O objectivo da MEC é realizar diversos espectáculos ao longo do ano exaltando a energia, criatividade, empenho e contributo que os jovens podem trazer à comunidade de Vila Franca de Xira. Na apresentação do programa houve uma exposição de Manga (banda desenhada japonesa), dança contemporânea, fado, música pop e teatro, com alunos do Conservatório Regional Silva Marques, Grupo de Jovens Fadistas de Alverca, grupo Minas e os Dez Afinados. Andrea Verdugo, Diana Silva Lopes e Paulo Miguel Ferreira, três jovens artistas do concelho, também foram convidados para partilhar a sua experiência.
Vidas que não se esquecem
Beatriz Mamede, Gustavo Reis e Diana Lopes são três dos jovens artistas que estiveram presentes na apresentação do projecto. Beatriz e Gustavo cantam fado e Diana Lopes é criadora de moda. “Como sempre gostei de moda e estudei design de moda aproveitei. Já há poucos projectos como este que ajudam a promover a criatividade dos jovens”, explica Diana Lopes a O MIRANTE.
Para os dirigentes, o momento revestiu-se de emoção, já que o acidente ferroviário que o programa visa homenagear está sempre omnipresente. “Queremos homenagear os jovens que com esta idade já não tiveram a possibilidade de consubstanciar o seu potencial”, confessa Luís Janeiro, que naquele dia 5 de Maio de 1986 não ia no comboio mas perdeu nele muitos amigos e conhecidos. “Alguns amigos ficaram vivos mas com muitas limitações físicas e psicológicas. Queremos manter viva a memória deles através de projectos positivos”, conclui.