É uma vergonha a velocidade da Internet em Calhandriz
Presidente da junta diz que a qualidade do serviço de Internet em Calhandriz é vergonhosa e está cansado de se queixar aos operadores a reclamar soluções. Quem vive na aldeia, a poucos quilómetros da capital do país, depende de uma Internet que mal aguenta uma videochamada.
Navegar na Internet com vários computadores em simultâneo a realizar videochamadas ou assistir a séries em plataformas de streaming são algumas das acções diárias e comuns que muitos moradores da Calhandriz, concelho de Vila Franca de Xira, não conseguem fazer. O serviço de Internet na aldeia é fraco, inconstante, e as queixas dos moradores para reforço das redes não têm sido atendidas, lamenta quem ali vive.
Numa altura em que cada vez mais empresas apostam em ter os funcionários em teletrabalho, para muitos que vivem na Calhandriz isso não é possível. A velocidade da Internet oferecida pelos vários operadores na localidade é muito baixa comparada com as localidades vizinhas e fibra óptica nem vê-la. Na última assembleia de freguesia o assunto voltou a ser abordado por moradores e autarcas, que consideram o arrastar da situação inadmissível e há mesmo quem defenda que é preciso uma acção de protesto mais musculada.
O presidente da junta de freguesia, Mário Cantiga, junta-se ao coro de protestos considerando a situação inaceitável. A própria junta espera há sete meses que uma operadora venha instalar Internet numa das suas delegações. “Vejam o absurdo a que isto chegou. Eu tenho vergonha do que está a acontecer. É por isso que o país está como está”, lamenta o autarca, que garante estar numa luta com os operadores para permitir que a Internet chegue em condições a quem vive na Calhandriz.
“O que nos dizem é que com o volume de moradores existente não compensa os investimentos necessários para reforçar a rede e ficamos assim. É o grande capital a falar. Não pode ser”, condena. Para Mário Cantiga, a Câmara de Vila Franca de Xira é um cliente de peso das operadoras e pode ser o melhor veículo para reivindicar melhor Internet na localidade, podendo até ameaçar revogar as licenças das linhas e servidões ocupadas pelas operadoras no concelho. “Sei que a câmara tem feito pressão e questionado as operadoras sobre estes problemas mas andamos nisto há meses e sem resultados. Temos de continuar a insistir e pensar no que mais podemos fazer”, apela.
O caso não é único no concelho. Em Vialonga, em particular na zona alta de Santa Eulália, também a Internet é lenta e o serviço de comunicações 5G uma miragem, tendo muitos moradores de sair de casa à procura de um local onde tenham rede de telemóvel para poderem fazer um telefonema. Em ambos os casos, o município tem pressionado as operadoras para fornecerem melhor cobertura de Internet e telemóvel às zonas rurais do concelho mas nunca obteve uma resposta favorável. As operadoras, questionadas anteriormente por O MIRANTE sobre este tema da falta de cobertura em algumas localidades do concelho também nunca responderam.