Autarcas do Médio Tejo defendem conclusão do IC9, aposta na ferrovia e no hidrogénio
Presidentes dos municípios de Abrantes e do Entroncamento participaram na conferência "Desafios da Mobilidade nos Territórios de Baixa Densidade”, organizada pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.
Os presidentes de câmara de Abrantes e do Entroncamento defenderam a conclusão do IC9, o transporte público a pedido, o hidrogénio e os transportes ligeiros ferroviários como fundamentais para a mobilidade e desenvolvimento do Médio Tejo. “Uma questão muito relevante para Abrantes, para a região e para o país é a conclusão do Itinerário Complementar 9 (IC9), algo que está inscrito no Plano Rodoviário Nacional (PRN), mas que tarda a acontecer”, disse o autarca de Abrantes, Manuel Valamatos (PS), tendo indicado que aquela via ligará “todo o Médio Tejo, no Centro do país, ao Alentejo” numa conclusão “há muito anunciada, por diferentes governos”, sendo a questão “mais relevante” e “preocupante” em termos de mobilidade.
Os dois autarcas participaram, no dia 24 de Outubro, na conferência "Desafios da Mobilidade nos Territórios de Baixa Densidade" organizada pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, na Covilhã, tendo entrado a bordo de um comboio que partiu de Lisboa e que foi dando voz aos representantes dos vários municípios à medida que iam embarcando na composição a partir das suas cidades.
Manuel Valamatos, que preside também à Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo, insistiu na necessidade de conclusão do IC9, que liga a região Oeste e Médio Tejo ao Alentejo, e que prevê a construção de uma travessia sobre o Tejo na zona de Abrantes, devido a questões de mobilidade mas também de melhores acessibilidades para o tecido empresarial.
“A conclusão do IC9 prevê passar junto à zona industrial do Tramagal, onde está sediada a Mitsubishi Fuso, e resolve em grande parte os problemas que esta empresa tem”, indicou, tendo feito notar a importância de fixar uma empresa que “tem 600 trabalhadores” e desempenha “um papel importante para a economia da região”, tendo reiterado estar “muito preocupado” com essa situação.
Por outro lado, o presidente da Câmara de Abrantes defendeu a importância da “electrificação da Linha do Leste”, destacou a “importância” e o “sucesso” do projecto de ‘Transporte a Pedido’ implementado no Médio Tejo, direccionado para territórios de baixa densidade populacional, e indicou que os autarcas estão “muito atentos” às oportunidades de futuro em projectos energéticos e no âmbito da mobilidade, na sequência das oportunidades e “mecanismos gerados para mitigar o encerramento da central a carvão do Pego”, sendo o hidrogénio forte aposta em Abrantes e no Médio Tejo.
Transporte ferroviário ligeiro é opção por explorar
O autarca do Entroncamento, Jorge Faria (PS), defendeu a criação dos chamados transportes ligeiros ferroviários para melhorar a resposta em termos de mobilidade. “Já não digo na Linha do Norte, que o canal ferroviário está muito esgotado, mas, por exemplo, na Linha da Beira Baixa podia fazer sentido a existência de um transporte ferroviário ligeiro, uma pequena automotora, à semelhança do que temos neste momento para Badajoz com dois horários, (…) e temos o ramal de Tomar que atravessa esta região e que poderia contribuir depois com uma complementaridade de transportes públicos em torno desta estrutura”.
Por outro lado, defendeu, “era também muito importante para a região a ligação ferroviária entre a Linha do Norte e a Linha do Oeste, servindo Fátima, para completar esta malha ferroviária e que permitiria um serviço ligeiro ferroviário com bastante interesse”, ideia já defendida noutros fóruns. “É uma proposta que nós fizemos no âmbito do Plano Ferroviário Nacional, mas que faz todo o sentido e fará ainda mais sentido com a construção do TGV, havendo uma paragem em Leiria, e eu espero que haja uma paragem no aeroporto de Santarém, no futuro”, concluiu.