Na Golegã há uma associação que tem feito um trabalho notável na protecção dos animais
Associação APABA – Os bons amigos, na Golegã, tem actualmente dois abrigos para mais de uma centena de cães. Ana Baena é a presidente da associação, que tem feito um trabalho notável na promoção do bem-estar animal ao longos dos últimos 23 anos.
Foi num dos abrigos da APABA - Os bons amigos, na Golegã, que Ana Baena recebeu O MIRANTE para falar sobre a missão que abraçou no ano 2000 e que tem contribuído para o bem-estar de várias centenas de animais. Jordi e Serafina, dois dos amigos de quatro patas da dirigente, acompanham-na durante a conversa sempre em constantes correria e brincadeira.
Ana Baena nasceu e trabalhou em Lisboa, visitando a Golegã com regularidade, sobretudo aos fins-de-semana, por ter família na vila ribatejana. A partir do novo milénio assumiu a presidência da associação, confessando que as últimas duas décadas de trabalho foram muito exigentes e desgastantes devido ao que implica todo o processo de recolha dos animais, adopção e cuidados de saúde e higiene. “É uma actividade muito stressante, mas é ainda mais gratificante e enriquecedora”, garante.
O espaço onde decorre a conversa com O MIRANTE é um dos abrigos da associação, sendo o canil municipal o segundo. Apesar de ser propriedade da família, o espaço estava em ruínas e teve de ser totalmente restaurado. “Era uma zona de caça e apareciam muitos cães abandonados. O número foi aumentando e eu, como sempre gostei e tinha pena dos animais, resolvi criar aqui um abrigo e juntar-me à APABA”, explica Ana Baena. A presidente da associação conta que o abrigo surgiu como necessidade, uma vez que na altura o canil municipal estava sobrelotado e com poucas condições para os animais.
Numa fase inicial contou com a ajuda da Fundação Brigitte Bardot. Ana Baeta realizou várias viagens e contactos com o estrangeiro para expandir horizontes e conseguir ajuda de várias associações além-fronteiras. “Hoje em dia, em termos de doações, quem ajuda mais são os estrangeiros. Felizmente contamos com ajuda de várias associações e fundações, alemãs, escocesas e holandesas”, explica. A APABA conta com duas empregadas assalariadas, um assistente, cerca de 15 voluntários e várias famílias de acolhimento onde estão 14 cães. Nos dois abrigos existem mais de uma centena de cães ao cuidado da associação. A APABA conta ainda com o apoio da autarquia e das juntas de freguesia do concelho.
Abandonar é cada vez mais fácil
Os cães passeiam todos os dias e as boxes são limpas duas vezes por dia. A presidente da associação lamenta que seja cada vez mais frequente abandonar um animal. “Dizia-se que o Verão era a altura de mais abandonos. Hoje abandona-se em qualquer altura, com relativa facilidade. Os cães são tratados como objectos descartáveis e quando há algum inconveniente simplesmente abandona-se”, crítica.
Ana Baena explica que durante o processo de adopção recebem o contacto dos interessados e é feita uma entrevista telefónica, seguida de pesquisa e processo de triagem. São pedidas fotografias do espaço onde o cão vai ficar e da casa. A presidente da associação explica que até há dois anos os cães eram dados, mas que de momento é cobrado um valor, que considera justo, não só para ajudar a associação mas também para responsabilizar quem vai adoptar.
A APABA tem alguns gatos pequenos e ninhadas para adopção, mas não os junta em abrigos nem em colónias. A presidente da associação conta que até os poucos gatos que tem são esterilizados e que acredita que essa é a solução para o problema de sobrelotação de grande parte dos canis. “Não adianta aumentar os espaços, investir em obras ou criar mais abrigos. Os cães vão sempre procriar. É necessário, para os proteger e para manter os canis em boas condições, recorrer à esterilização e esta ideia é fundamental para mim” remata.