Sociedade | 22-01-2024 07:00

Jornal Médiotejo.net passou de empresa a associação cultural

Directora do médiotejo.net, jornal digital lançado em 2015, revelou que há ano e meio iniciou a transição dos jornalistas para uma associação cultural sem fins lucrativos para aceder a financiamentos. O desabado de Patrícia Fonseca aconteceu durante uma conferência sobre comunicação social organizada pela Nersant.

O jornal médiotejo.net passou a ter o seu quadro de jornalistas, que actualmente são meia dúzia, integrados numa associação cultural sem fins lucrativos, segundo avançou a directora da publicação durante uma conferência promovida pela Nersant, que se realizou na sexta-feira, 12 de Janeiro. Patrícia Fonseca, proprietária da Médio Tejo Edições, empresa dona jornal, foi oradora num seminário sobre comunicação social e não escondeu as dificuldades que tem sentido na gestão do seu negócio. “O médiotejo.net é um jornal digital com oito anos fundado por mim e pelo meu irmão, Mário Rui Fonseca. Há três anos decidi agarrar no projecto a tempo inteiro. São projectos muito difíceis de aguentar em termos financeiros. Bem ou mal escolhi vir para o Médio Tejo e fazer deste projecto a minha vida, algo que há 10 ou 15 anos era impensável, porque o meu sonho era ser correspondente internacional”, começou por explicar a ex-jornalista da revista Visão.
“Começámos por ser uma pequena empresa, que ainda mantenho, é unipessoal, que é a Médio Tejo Edições, e desde há um ano e meio passamos a estar com os jornalistas do projecto, que são seis, já fomos 10, numa associação cultural sem fins lucrativos, tentando assim encontrar meios de financiamento como fundos comunitários europeus, que é o que torna os projectos pequenos mais independentes. Se estivermos dependentes do poder político, das câmaras ou das empresas, é muito difícil sobreviver”, vincou.
Patrícia Fonseca salientou que o médiotejo.net tem sido distinguido com vários prémios e já receberam algumas bolsas de investigação. No entanto, adiantou que a falta de publicidade no jornal tem sido um dos factores que mais tem contribuído para as dificuldades financeiras. “A verdade é que os dedos das minhas mãos chegam para contar o número de empresas que temos a anunciar no jornal”, disse. Patrícia Fonseca deu como exemplo a relação que tem mantido com a empresa Renova, sediada em Torres Novas. “Das aproximações que fiz a grandes empresas no distrito, a maioria das vezes dizem que não têm interesse em anunciar num jornal (…). A Renova, sempre que a contactei, diz que o seu foco é o mercado internacional. Com 0,000001% do seu orçamento podiam ajudar a viabilizar o meu jornal”, afirmou.
António Pedroso Leal, presidente da Nersant, que moderou o debate, interveio no final para dizer que a associação nos últimos 20 anos gastou em publicidade cerca de um milhão de euros. Patrícia Fonseca não se fez rogada e queixou-se: “em oito anos o Médio Tejo teve um contrato de 150 euros com a Nersant (…) e sou associada da associação”, disse.

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