Enfermeiros da região continuam a reivindicar menos horas de serviço e mais recursos humanos
Enfermeiros da Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo reivindicam, entre outras medidas, a contratação de mais profissionais e uma organização dos horários que permita a conciliação profissional com a vida familiar.
A greve dos enfermeiros da Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo, que reivindicam melhores condições laborais e remuneratórias, registou na sexta-feira, 16 de Agosto, uma adesão na ordem dos 90%, tendo sido canceladas todas as cirurgias programadas, segundo o sindicato. “Nas unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas, a greve ronda os 90%, uma forte adesão que revela a insatisfação dos profissionais e repercute-se ao nível dos blocos operatórios”, com “cancelamento e adiamento de todas as cirurgias programadas”, mantendo-se os “serviços nas cirurgias urgentes”, disse à Lusa Sérgio Silva, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
Contactada pela Lusa, a administração da ULS Médio Tejo, com sede em Torres Novas, apontou que a adesão à greve, convocada pelo SEP, “foi, em média, de cerca de 85%, no primeiro turno da manhã, tendo levado à suspensão de cirurgias programadas”. ”As consultas externas médicas não foram afectadas” e “os serviços mínimos estão integralmente a ser garantidos”, ainda de acordo com a administração da ULS Médio Tejo.
A paralisação decorreu durante os períodos da manhã e tarde para os três hospitais e para os cuidados de saúde primários da área da abrangência da ULS Médio Tejo. Segundo o sindicalista, após a divulgação do pré-aviso de greve, a administração hospitalar reuniu com o SEP, na quarta-feira, mas “sem resultados suficientes” para anular o protesto. “Nesta reunião voltámos a colocar problemas que, reafirmamos, as administrações das ULS têm autonomia para decidir e resolver, designadamente, o pagamento dos retroativos desde 2018”, declarou. Ainda de acordo com Sérgio Silva, “dos vários problemas, a administração apenas se comprometeu a atribuir mais um dia de férias, por cada 10 anos de serviço, aos enfermeiros com CIT [Contrato Individual de Trabalho]”.
Considerando ser “inadmissível que, ao final de vários anos, a administração continue a precisar de mais tempo para analisar possíveis soluções” às reivindicações, o sindicalista indicou, como exemplo, o “pagamento do regime de prevenção, cuja lei existe desde 1979, e que a ULS não está a cumprir”. Sérgio Silva disse que os enfermeiros reivindicam ainda a “contratação de mais profissionais” e uma “organização dos horários que permita a conciliação profissional com a vida familiar”.
Questionado pela Lusa, o conselho de administração da ULS Médio Tejo, presidido por Casimiro Ramos, assegurou “estar empenhado em dar resposta às pretensões dos profissionais de saúde da instituição que estejam dentro do escopo da sua autonomia e competência”. Na reunião com o SEP, indicou, “foram analisadas as reivindicações” apresentadas no pré-aviso de greve, “concluindo-se que a maioria desses pontos são referente a matérias de âmbito nacional, fora do escopo da administração, e apenas três pontos se restringem à ULS Médio Tejo”.
Nesse sentido, continuou, “o primeiro ponto das reivindicações encontra-se ultrapassado através da autonomia que a administração tem nesta matéria e após a necessária sustentação jurídica, tendo o conselho de administração da ULS já deliberado a atribuição de um dia de férias adicional por cada dez anos de serviço efectivo aos enfermeiros vinculados em regime de CIT, com efeitos a 1 de Janeiro de 2025”. Já no que diz respeito ao pagamento do regime de prevenção, o conselho de administração indicou que vai “solicitar um pedido de parecer a entidade externa, comprometendo-se em tomar uma posição clara até ao final do presente ano”.
Por último, e “no que concerne à atribuição de pontos”, o conselho de administração adiantou que “também foi deliberado a realização de um parecer a entidade externa, que será disponibilizado até ao final do ano”.
Enfermeiros de VFX também se têm manifestado
Ao longo de 2024, têm sido várias as greves dos enfermeiros do Hospital de Vila Franca de Xira. A falta de resposta por parte da Unidade Local de Saúde (ULS) Estuário do Tejo aos enfermeiros do Hospital de Vila Franca de Xira tem gerado muito descontentamento. Os enfermeiros defendem a urgente contratação de mais pessoal e a aplicação das 35 horas de trabalho por semana, permitindo conciliar a vida profissional com a vida pessoal. As greves foram convocadas pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).